Numa bela e que seja magnífica madrugada.
Ouvi na rádio as palavras de Mário Soares. E olhando para muitos dos nomes que se perfilam em torno de si, lamento, não consigo acreditar que sejam alternativa para o grave momento em que vivemos. Estão aí tantos dos que nos conduziram aqui, muitos dos que lavam assim as mãos ao que nos trouxe até aqui, muitos dos que criticam como se falassem de um mundo a que são alheios.
As palavras de Mário Soares, ao vaticinar que caminhamos para a ditadura, são o eco trágico do mesmo que clamavam os republicanos na agonia da primeira República quando sucessivas hostes republicanas tentavam salvar a República, quando já não era com eles que a República se salvaria.
Tomo conhecimento também, da homenagem a Ramalho Eanes, à qual o mesmo não estará presente. Um Homem honrado perante quem me curvo em respeito. Mas de novo se perfilam em torno do acto, vultos em que não acredito, pessoas em quem não confio.
Lamento. É esta a minha verdade íntima. É deste pesar que faço a minha ausência na política, a minha escassa intervenção cívica.
Talvez nas sombras do que a ribalta mediática não reflecte, nalguma mansarda esconsa, nas catacumbas do afundado Portugal estejam os que protagonizem o futuro. Talvez tenhamos que esperar uma geração e, com ela, o tempo prolongado de sofrimento. Talvez tenhamos que aguardar o desmoronamento desta Europa, que se sabia que era a Europa do capital disfarçada da Europa social, a que trouxe a política financeira mais o expansionismo estratégico alemão como a mãe de todas as políticas e com isso a usura e agora a bancarrota dos endividados. Talvez tenhamos numa madrugada o desenlace fatal da revolta generalizada, a irracionalidade de uma revolução.
Um Regime Político está morto quando o Estado perde capacidade de encontrar salvação para o País que serve. Eis o que sucede à democracia partidária desta segunda República, dominada pelo rotativismo partidário de um bloco central de interesses, afinal o regime saído do 25 de Abril quando ele se estabilizou após o 25 de Novembro. Eis a repetição da história da primeira República que desembocou no 28 de Maio.
Ante isto, esta miséria e este vazio, só a Nação chamando a si, com a legitimidade de oitocentos anos de História, a condução dos seus destinos, em nome da Pátria dos portugueses, numa bela e que seja magnífica madrugada.
Não sendo o autor do texto, identifico-me totalmente com o conteúdo do mesmo.
A política causa insatisfação e revolta entre os povos.
ResponderEliminarBjos
Em algumas situações causa um sentimento muito próximo do nojo, Carla Fernanda.
EliminarBjos
Não vejo solução possível mas a política de Mario Soares e afins ainda nos leva mais depressa ao abismo...
ResponderEliminarmor,
EliminarRamalho Eanes nem era suposto comparecer a esta homenagem.
Justamente para não se misturar com gentinha.
A gentinha que nos conduziu à beira do abismo.
Apareceu, deixou recados, foi embora.
Porque não quer misturas.
Hoje, o Papa Francisco veio dizer exactamente o mesmo que disse Mário Soares, Pedro! Parece-me sintomático.
ResponderEliminarDiferença fundamental, Carlos - Francisco dá o exemplo; Soares é um hipócrita.
EliminarEssa criatura está furibunda por lhe terem mexido na Fundação Mário Soares, Carlos.
Uma porcaria que serve para quê??
Guardar presentes??