Muito mal acompanhado numa homenagem inteiramente merecida


António Ramalho Eanes foi ontem justamente homenageado em Lisboa.
Sendo a homenagem inteiramente justificada, simbólica até, porque Ramalho Eanes corporiza uma referência de ética que anda há muito afastada da política portuguesa, acompanho José António Barreiros quando defende a ideia que o homenageado esteve muito mal acompanhado neste evento.
Confesso que não era particular admirador do político Ramalho Eanes.
Sendo um homem honesto, vertical, de valores, o cidadão António  Ramalho Eanes não era um animal político.
Se dúvidas houvesse, a deriva totalmente disparatada do PRD demonstrou-o à saciedade.
Ao longo dos anos tenho vindo a perceber que, o que julgava ser um defeito, era afinal uma qualidade.
De animais políticos estamos todos fartos.
E foi a actuação destas criaturas que conduziu o País ao pântano em que hoje se encontra mergulhado.
Ramalho Eanes não era suposto comparecer nesta homenagem.
Apareceu de fugida, para falar muito rapidamente de ética, de valores, sobretudo para apresentar o prémio com o seu nome, a atribuir bianualmente a partir do próximo ano, precisamente para distinguir publicamente personalidades ou instituições que se afirmem como referentes na área dos valores e da cidadania.
Compreendo que Ramalho Eanes tenha comparecido à homenagem que lhe era prestada.
E que o tenha feito em correria e à última hora.
Foi uma forma de deixar claro que estava ali para passar uma mensagem, um apelo ao entendimento entre as várias forças políticas, económicas, sociais, e à elevação na vida política.
Mas nada mais do que isso.
Não haverá nada de semelhante à aventura que foi o PRD.
Porque Ramalho Eanes sabia, e eu sei que ele sabia, que estava ali muito mal acompanhado.

Comentários

  1. Bom dia Pedro
    Quase que não vejo TV. Daí estar desinformado dos acontecimentos diários.
    Estou farto de politica e de políticos que entraram por esta porta para proveito próprio e sem sentido de Estado, de responsabilidade e de respeito por todos os portugueses.
    Ramalho Eanes foi e é uma excepção. Cada dia me surpreende mais a sua actuação passada e presente.O seu amor ao país e aos portugueses está ainda vivo como esteve nos momentos mais críticos quando ele se empenhou a dar o seu melhor sem procurar os seus interesses pessoais como fazem estes da actualidade... metem-me nojo a - demissão irrevogável - e no mesmo dia está lá sem o mínimo de pudor pela sua palavra...
    Metem-me revolta os - re - destes PPP que apenas sabem os palavrões:
    refundar, reavaliar, rever...em oposição a tudo quanto vão destruindo, roubando e abocanhando para eles e os amigos deixando o país cada vez mais pobre e mais triste...

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    1. Eanes é, cada vez mais, uma referência em termos de comportamento cívico, de nobreza de carácter.
      Por isso fiquei tão surpreendido com algumas companhias que ali tinha ontem.
      Mas ele apressou-se a clarificar porquê e para quê estava ali

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  2. Ramalho Eanes, Pedro, é um Homem acima de qualquer suspeita e, num acto público, não pode escolher quem assiste à (justa) homenagem que lhe prestaram.

    Caro amigo, concordo com o texto na sua integra!

    Aquele abraço, Pedro!

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    1. Mas repare como ele claramente se demarcou de muitos dos presentes e desvalorizou o acto procurando antes centrar atenções no prémio a que dá o nome e na obrigatoriedade de se chegar a consensos na sociedade portuguesa.
      Não foi rude, não foi mal educado, mas foi hábil.
      Aquele abraço!!

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  3. Estou a ser injusta certamente, mas Ramalho Eanes nunca me conseguiu agradar por completo, por causa da deriva como o Pedro diz e da sua colagem notória a Cavaco em determinado momento . E Cavaco está a milhas de distância daquilo que , reconheço, Eanes é.

    Sei que foi um criado um Prémio com o seu nome e nada mais.

    Li também que há quem pretenda o seu regresso. Lamento, mas considero que precisamos realmente de pessoas honestas, mas que a política tem que se renovar e quero crer que nas gerações presentes existem (ainda) pessoas com honra.

    Bom dia, Pedro

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    1. Percebi com o tempo que o não ser poliqueiro era uma das grandes qualidades dele, São.
      Mas, como é óbvio, nem nem ele estamos numa de Ò Tempo Volta Para Trás
      Tem que haver gente séria e honrada no meio de toda aquela escória, São.
      A não ser assim, estamos mesmo perdidos

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  4. Eanes já sabia que a companhia não seria a melhor, Pedro.

    Aquele abraço

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    1. Por isso hesitou tanto em estar presente e deixou aqueles recados todos, António
      Aquele abraço!!

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  5. Também aprecio a ética, a honestidade e alguns valores de Eanes, mas não me esqueço da pergunta que um dia ele fez a Diogo Freitas do Amaral:
    Não conhece uma democracia sem partidos?
    Perante a resposta negativa de Freitas, Eanes respondeu: É pena!
    Eu sei que isto tem dupla leitura mas...

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    1. Estou à vontade para reconhecer os méritos de Eanes, Carlos - nunca votei nele.
      Mas, com o tempo, fui percebendo que era uma referência a ser seguida.

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  6. Concordo inteiramente consigo, Pedro.

    A homenagem prestada aquele que foi o melhor P.M. que Portugal já conheceu, foi justíssima e merecida.
    Homens como Ramalho Eanes precisam-se, mas ele já deu ao país tudo o que podia e devia, não creio que volte à política.

    Beijinho..

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    1. Não vai voltar, Janita.
      Nem tal faria qualquer sentido.
      Foi isso que ele deixou claro.
      Isso e o facto de não se rever na prática de algumas figuras que ali estavam presentes.
      Beijinho

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  7. Eanes é uma pessoa honesta e coerente. Foi isso que eu achei quando votei nele.

    Abraço

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    1. Eu nunca votei nele, Maria do Sol.
      Reconheço hoje que, o que então me parecia um defeito, era afinal uma qualidade.

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  8. Mesmo mal acompanhado ele continua a ser um homem com caracter!
    Boa semana Pedro

    beijinho e uma flor

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    1. Sem dúvida, Adélia.
      O suficiente para se demarcar claramente de quem ali estava e não tem esse carácter.
      Beijinho

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  9. Tenho uma grande admiração por Ramalho Eanes, mas subscrevo tudo o que escreveu. Teve aquela falha do PRD, mas seria um erro hoje enredar-se novamente nesses meandros que não domina. Assim, tal como está, tem a admiração de muitos...

    Beijocas!

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    1. O PRD foi um desvario em que ele se deixou arrastar, Teté.
      Não se repetirá.
      Seria um erro voltar à política e, definitivamente, não é isso que ele quer.
      Beijocas!

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  10. ipsis verbis! Bravo.
    Boa quarta-feira!

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  11. Concordo plenamente com a sua leitura do caso e com o seu texto, mas há uma coisa que me parece e ainda não foi referida !
    É que, para além da homenagem justificadíssima a um grande homem, parece-me haver aqui também uma intencional "bofetada de luva branca" a Mário Soares, pelas suas declarações e principalmente pela linguagem absolutamente descabidas e senis !
    .

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    1. Acho que a homenagem, num dia 25 de Novembro, já estava prevista antes das declarações idiotas (mais umas!!) do Soares, Rui.
      Perguntem ao gajo quanto é que lhe foi cortado às verbas da Fundação Mário Soares (serve para quê???) porra!!
      Depois já se perceberá melhor porque é que está tão indignado.

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