Novas invasões bárbaras


Ano de 476 d.c. - o Império Romano do Ocidente, o maior império da Antiguidade, tombava às mãos dos invasores.
Os bárbaros faziam cair um império poderosíssimo, uma civilização extraordinária, tirando proveito das suas debilidades internas, da instabilidade económica, da desestruturação militar.
Violentos, sanguinários, cruéis, impiedosos, os bárbaros destruíram tudo o se interpunha entre eles e o seu desígnio de espezinhar a civilização que odiavam.
Século XXI - os hunos, os visigodos, os ostrogodos, dão lugar a um outro bando de assassinos impiedosos, terroristas, torcionários, um escarro humano que se auto-intitula Estado Islâmico.
Objectivo deste vómito - destruir a civilização ocidental, os seus valores, o seu legado, todos a serem substituídos por um califado que, à semelhança dos invasores bárbaros, se regeria por regras próprias.
Regras essas que fariam corar de vergonha os nossos antepassados que habitavam as cavernas.
Ontem Bruxelas, antes Paris, Madrid, Ancara...
Ontem hipoteticamente em directa acção de retaliação face à detenção de Salah Abdeslam, o cérebro dos atentados de Paris.
E antes?
E depois?
Bernardo Pires de Lima, aos microfones da Antena 1, apontava para a certeza de novos atentados no futuro, para um novo normal no dia-a-dia europeu.
Até que um dos lados do conflito destrua o outro, atrevo-me a acrescentar.
Porque aquilo a que vamos assistindo é sem dúvida um conflito, uma guerra.
Uma guerra que foge aos padrões tradicionais, que não conhece quartéis, regras.
O medo do terror, assim como o sentimento de insegurança, são normais (a normalidade que Bernardo Pires de Lima referia), humanos.
Mas não nos podem levar a negar os valores que são o húmus da civilização ocidental e a ceder à tentação fácil da paranóia securitária e da vingança torpe.
Se entrarmos por esse caminho começaremos a perder a guerra com os bárbaros do século XXI, faremos passar a ideia que afinal nada aprendemos com o legado da História porque, à semelhança do Império Romano do Ocidente, a nossa civilização começará a ser destruída a partir de dentro, das suas fraquezas e debilidades.
Esta guerra tem que ser combatida com coragem, com tenacidade, mas também com inteligência, com valores.
As armas que os bárbaros do século XXI não possuem nem nunca possuirão.

Comentários

  1. Terrivel.
    Era bombardear o EI.
    Mor

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    1. Esse é o problema de uma guerra sem quartel, Mor.
      Há que confiar na recolha de informações para saber onde estão e só depois podem ser atacados.
      Sabendo todos nós que estão tão espalhados quanto Salah Abdeslam que vivia em Bruxelas.

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  2. Ontem, o medo fomentou mais ódio. Temo, sim, pela morte dos valores e pela instauração de um estado policial.

    Bom dia, Pedro

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    1. Essa reacção imediatista é sempre possível, Maria Eu.
      Esperemos que a civilização ocidental não vá por esse caminho.
      Combater esta escumalha, aniquilá-los, sim.
      Mas sem negar os nossos valores.

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  3. Pedro, temo muito por grandes acontecimentos como o Euro 2016 e os JO do Rio em Agosto, está guerra sem quartel é muito difícil de vencer.

    A islamização da Europa e dos seus valores preocupa-me, aliás, deve preocupar-nos a todos, o excesso de tolerância poderá tornar-se algo de pernicioso.

    Enfim, votos de excelente Páscoa para si e suas mais que tudo.

    Aquele abraço, meu amigo.

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    1. Quem é que não está assustado, Ricardo?
      É impossível olhar estes acontecimentos com frieza e distancionamento.

      Votos de Santa Páscoa para si e as suas princesas também, Ricardo

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  4. Aqui está um tema terrível, como é que é possivel tais situações em pleno séc XXI??

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  5. Grande grito de revolta, Pedro!! Isto por que estamos a passar é mais que assustador, é um verdadeiro horror! Para onde caminhamos?

    E, aos poucos, as História vai-se repetindo! Nunca se aprende.

    Beijos.

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    1. A História tem tendência a repetir-se, não é, Graça?
      Neste caso essa tendência é especialmente dramática.
      Beijos

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  6. Completamente de acordo com o magnifico texto do meu amigo e realmente é preciso nunca esquecer a história.
    Um abraço e uma Santa e Feliz Páscoa para o meu amigo e sua família.

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    1. Até custa acreditar que estamos na semana da Páscoa, Francisco.
      Votos de uma Santa Páscoa para o Francisco e família também

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  7. Desde a Primavera Árabe, que eu aviso os encantados com o florir daquelas pseudodemocracias, que depois das ditaduras derrubadas, viriam dias negros e o Ocidente iria pagar por isso. Escrevi inúmeros posts lá no CR sobre o tema. Fui acusado por muitos de ser palerma por temer o fundamentalismo islâmico. Pedro Correia chegou a escrever, no DO, sem me mencionar directamente, que os que se manifestavam contra a Primavera Árabe, esgrimindo o medo do fundamentalismo, o faziam porque eram anti democráticos e que nenhum regime poderia ser pior do que as ditaduras. Hoje, infelizmente, posso dizer que tinha razão mas, pior do que isso, é saber que editores de política internacional ( como era o caso do Pedro Correia) tinham uma visão tão curta.
    Resumindo: nada do que está a acontecer me espanta. O meu único espanto é mesmo continuara assistir ao inanismo da Europa perante a situação.

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    1. Veja o vídeo, Carlos.
      A Síria explicada por quem a está a viver no dia-a-dia.
      Faz-nos sentir tão pequeninos, tão insignificantes.
      Ao mesmo tempo faz crescer cá dentro uma revolta!!!
      Aquele abraço

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  8. Caro Amigo Pedro Coimbra.
    Tua irretocável análise deixou-me cá propenso a refletir:
    O que nos espera?
    Caloroso abraço. Saudações atônitas.
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.

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    1. Uma pergunta para a qual se torna cada vez mais complicado encontrar uma resposta, Amigo João Paulo de Oliveira.
      Grande abraço

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  9. "Keep Calm and Carry On" é o meu slogan, que roubei aos ingleses. Ora, não devemos deixar-nos intimidar, Pedro, isso é o que eles querem: provocar medo e caos.

    É, no entanto, muito difícil convencer a minha família a pensar como eu. Ontem a minha nora, que fez escala no aeroporto de Frankfurt para regressar a Düsseldorf, quando chegou cá a casa para buscar o filho, compreendi que ela tinha medo, muito medo.

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    1. É muito difícil não ter medo, ematejoca
      O que não é de todo mau.
      Porque nos torna mais cuidadosos, mais vigilantes.
      Esta escumalha está a dar cabo do nosso modo de vida.
      Não podemos deixar que isso aconteça.
      Mas também não podemos fingir que nada se passa.

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  10. Pedro, repito aqui o que deixei escrito no blogue 'Crónicas do Rochedo', .
    Se eu lhe vender uma pistola e você, com ela, me der um tiro, com que moral fico para reclamar da sua atitude?
    Faço-me entender?
    Um abraço

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    1. Perfeitamente, António.
      E o comentário leva-me a sugerir que veja o vídeo abaixo.
      Uma lição.
      Aliás, muitas.
      Aquele abraço

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  11. Os aeroportos, o metro, os hotéis e as grandes salas de espectáculos das cidades europeias são agora os principais alvos daqueles que não olham a meios para atingir os seus fins políticos. O paradigma mudou e é natural que se tenha medo.

    Um beijinho, Pedro

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    1. Uma reacção mais que natural perante estas atrocidades, Miss Smile.
      Como é que podemos ficar indiferentes perante semelhante barbárie?
      Beijinhos

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  12. Pedro subscrevo totalmente o seu texto.Mas, parece que
    os Governos ainda não conseguiram encontrar "em conjunto" uma resposta adequada. Não há uma unidade real entre os países europeus e a própria Europa está em várias crises.Estão-se aproveitando de todas estas
    debilidades. Que surja uma luz que ilumine os actuais
    políticos é aquilo que eu mais desejo.
    Aproveito para lhe desejar a si e sua Família,
    uma Feliz Páscoa.
    Abraço, amigo.
    Irene Alves

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    1. Esse é o busílis da questão, Irene Alves.
      Estes cães raivosos estão a aproveitar-se das nossas debilidades.
      Percebendo isso, temos que corrigir essas debilidades, pensar muito bem como e a quem vendemos armamento, mas nunca perder de vista os valores que fundam a nossa civilização.
      Santa Páscoa para si e família.
      Um abraço

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  13. Dinheiro gera a guerra que não tem fim! É assustador, muito.

    Um beijinho

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    1. Pois é, Adélia, esta gente tem que ir buscar as armas que utiliza a algum lugar...
      Veja o vídeo abaixo que é muito elucidativo.
      Beijinhos

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  14. EXCELENTE TEXTO, PEDRO. tem direito a sua indignação, medo e revolta, mas não são estes textos, debates, etc. k vão fazer mudar as atitudes do EI e dos seus cegos seguidores. a polícia apanha dois ou três, enquanto eles matam dezenas de pessoas nós sítios mais movimentados.

    por ter sido apanhado há dias, aquele terrorista argelino, a Europa, ou melhor, Bruxelas já teve a resposta. aquele assassino deveria ser morto, lentamente e com tortura, em praça pública e em direto para as televisões de todo o mundo, com POMPA E CIRCUNSTANCIA. a cerimóniaa podia durar dois, tres dias, et voila. se isto acontecesse, eles abrandavam as suas práticas, garanto.

    ontem, como hoje, eles são bárbaros no sentido total e completo do termo. a História não se repete, nunca se repete, nos mesmos moldes, pke as armas utilizadas ao longo dos tempos são outras.

    não vale a pena sermos bonzinhos, aceitarmos a cultura deles e tentar mostrar-lhes k não estão a proceder bem, pke eles já nascem com umas células especiais nas duas cabeças, sorry, mas só para o mal, diga-se. evidente k estou quase a generalizar, pke é verdade.

    não é fácil erradica-los, mandá-los para a terra deles, mas não é impossível. o problema é essa realidade chamada Democracia e democratas. livre transito, com acento, de pessoas e bens-mercadorias, pois e há cada pessoa e cada mercadoria...

    a França, a Bélgica tem lá tantos... e muitos já lá nasceram. problema deles, acrescento eu, pke o problema já está a ser mtoooooooooooo nosso, há mto tempo e de forma mto pesada.
    mesmo os k já nasceram na Europa, é a minha opinião, deviam ser recambiados para os países dos pais ou avós.

    embora não tenha coragem para o fazer, pke o meu DEUS É UM DEUS DE AMOR, eles mereciam k lhes fizéssemos o mesmo k eles fazem aos cristãos. lá, nem uma igreja, aqui, cerimónias de inauguração de mesquitas com altas figuras de estado. já vi o vídeo todo da Irmã Guadalupe. é uma Madre Teresa, EM FORMATO MODERNO, de 42 anos e sem papas na língua.

    há k limpar e purificar a Europa e para grandes males, grandes remédios.

    as revoluções liberais do século XIX estão a ter consequências mto graves. um dia destes, há k arrepiar caminho. a História, embora não repita, infelizmente, acrescento eu, vai encarregar-se disso, embora de forma diferente. TENHAMOS FÉ...

    beijinhos para o Pedro, mulher e filhas e desejos de uma Páscoa feliz e saborosa, tb.

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    1. Com esta escumalha o olho por olho, dente por dente, não funciona, CÉU.
      Estes são os trastes que atam explosivos à cintura para se matarem e matarem quem passa na crença de alcançarem o paraíso e as 72 virgens.
      O que a Irmã Guadalupe defende é o óbvio - cortar os circuitos de fornecimento de dinheiro, bens, e armamento, sobretudo armamento, a esta escumalha raivosa.
      Votos de uma Santa Páscoa para si e família.
      Beijinhos

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  15. Ser humanitário ?... Ser repressivo ? ...
    Um dilema de muito difícil opção ! Eles estão em todo o lado e até independentemente da sua origem !
    Muito difícil a solução !!! :(

    Abraço, Pedro !

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    1. Ninguém pode matar se não tiver armamento para isso, não é, Rui?
      Não passará por aí a resposta??
      Aquele abraço

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  16. Pedro,

    O meu maior medo é pensar que por detrás de tudo isto haja uma teia muito bem tecida, emaranhada e difícil de destruir.
    Temo que esta invasão não tenha paralelo na História Universal.
    Há coincidências demais, Pedro!

    Estes bárbaros de agora, lutam com armas muito mais poderosas...:(

    Beijinhos

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    1. Difícil de destruir, é, Janita.
      Até porque muitos dos supostos aliados do Ocidente nesta guerra são aliados também do Estado Islâmico.
      Dissimulados, às escondidas, o que os torna ainda mais perigosos.
      Beijinhos

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