Entre o Horror e o sorriso


Com o Mundo ainda a tentar perceber exactamente o que aconteceu em Boston, qual a dimensão do Horror, o que terá motivado mais um acto de pura barbárie, a cena política em Macau agita-se na antecâmara da campanha eleitoral que antecede as eleições para a Assembleia Legislativa.
Uma agitação que se pode dizer já com alguma certeza que levou a uma ruptura da harmonia hipoteticamente existente entre os poderes  legislativo e executivo.
Tudo porque, um relacionamento que devia ser gerido com todo o cuidado, sobretudo nesta fase de pré-campanha eleitoral, tem sido objecto de atropelos inadmissíveis.
Sobretudo vindos da parte do executivo.
Documentos essenciais à tomada de decisão que são negados ao legislativo com pretextos perfeitamente risíveis; demora injustificada na entrega de outros; colaboração deficiente ou ausente; faltas de comparência de governantes perante os legisladores sem qualquer justificação plausível; são sintomas de um mal estar indisfarçado e indisfarçável.
Mas, ainda que assim seja, e perante cenário tão desolador, há motivos para sorrir.
Ver deputados a protestar veementemente perante tais situações, mas sem passarem desses protestos a qualquer tomada de posição mais concreta (porque é que não abandonam o hemiciclo se não está presente quem devia estar?); um presidente do órgão legislativo a manter a sua postura perfeitamente esfíngica; e ver pessoas, sem preparação técnica nem maturidade política, a tentar justificar o injustificável, explicar o que em absoluto desconhecem; só pode provocar em quem assiste a esta ópera bufa um sorriso.
Confesso que, quando vejo algumas declarações de responsáveis políticos em Macau, recordo sempre Lewis Black e a forma como este caracterizava George W. Bush a propósito da intervenção militar no Iraque - primeiro não sabia de nada; depois sabia; depois não sabia outra vez; e, por fim, não sabia sequer onde é que estava!
E volto a sorrir.

Comentários

  1. Ouvi dizer que o grupo Dóci Paciaçam di Macau não tinha palco para os seus ensaios. Se calhar a AL podia emprestar o hemiciclo... às tantas o grupo até aprendia umas coisas com este executivo!

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  2. Ora aí está o que eu chamo uma grande proposta, Anónimo :)))
    Grande abraço!!

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    1. Grande abraço, amigo!

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    2. Olha quem é ele!!
      E eu a pensar que este Anónimo era outro Anónimo.
      Tudo em ordem?
      Já está instalado?
      Grande abraço!!

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  3. Respostas
    1. Caos e Horror é o que aconteceu em Boston, Mariposa Colorida.
      Aqui, é mais pura incompetência.
      E é risível.

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  4. Coitadinhos. Nunca tiveram (deputados e a Administração) uma formação apropriada. Estão nos sítios onde estão, ou por saíram no Mark Six ou compraram - in cash or in kind, penso..

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    1. Anónimo,
      O que se tem visto é patético.
      O melhor mesmo é ser levado a sorrir.
      De outra forma, ficava tudo doido!

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  5. Situações distintas, as de Boston e de Macau.

    Terror na primeira, hipocrisia/incompetência, na segunda.

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  6. Ainda há motivos para sorrir, Pedro?

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    1. Com estas luminárias aqui só se pode mesmo sorrir, Carlos.
      Se nao for assim, acho que ainda vai haver pancadaria.

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  7. E é entre estes dois extremos que a Humanidade balança...

    Bom serão, Pedro

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  8. Incompetência total Pedro.

    beijinho e uma flor

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    1. De deixar os cabelos em pé, Adélia.
      O melhor mesmo é rir.
      Beijinho

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  9. Horror, caos, incompetência e desnorteio profundo, Pedro!

    Sorrir, só se for de tristeza e constrangimento, infelizmente!

    Mundo cão, este em que vivemos!:(

    Beijinho.

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    1. Jorge Valdano, quando era manager do Real Madrid, disse uma vez numa entrevista:
      "Quando ouço alguém dizer que o essencial num jogador não é talento, é trabalho, trabalho, trabalho; só consigo rir, rir, rir".
      O melhor mesmo é adoptar a atitude do Jorge Valdano e rir, rir, rir, Janita.
      Se não for assim, damos todos em doidos.

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  10. Ainda estou meia abananada (em bom português) com o que aconteceu em Bosto, quando se vêem as coisas tranquilas até parece que tem de acontecer algo, será que nunca se vai ter um minimo de paz neste mundo? Radicalismos dão nisto! Enfim...

    Quanto a Macau, parece-me que é situação de rir para não chorar :/

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    1. Poppy,
      Uma das fotografias mais violentas que vi na vida é a foto do tipo que perdeu as pernas e que está a ser transportado em cadeira de rodas com os ossos (fémur??) ali em primeiro plano.
      Bárbaros!!

      Em Macau, o melhor mesmo é ir rindo.
      Porque, esta semana então tem sido um fartote, é cada tiro, cada melro; cada cavadela, cada minhoca.

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