A ameaça ucraniana

Putin sonha com a ressurreição do império russo, admira Pedro, o Grande; e Catarina, a Grande.

Mas treme de medo da Ucrânia.

Depois de ter neutralizado a ameaça militar com a armadilha da entrega das armas de destruição maciça em troca de protecção, Putin ainda não conseguiu neutralizar a maior de todas as ameaças - ter Estados outrora integrados na União Soviética convertidos em democracias prósperas à sua porta.

A guerra na Ucrânia, pese embora toda a retórica patética do Kremlin, passa muito por aqui, a ameaça democrática.

Putin semeia a confusão nos Estados que o rodeiam, intervém nas democracias, porque teme o contágio interno, a perda do poder absoluto.

Uma Ucrânia livre, integrada na União Europeia, na NATO, economicamente próspera, é um pesadelo constante para o aspirante a czar.

Depois da Polónia, da República Checa, da Eslováquia, a Ucrânia?

Muito mais que o alargamento do império russo, que a ressurreição da União Soviética, Putin procura conter uma epidemia democrática a Leste.

Custe o que custar, as vidas que custar.

Todas menos a sua e o seu poder incontestado.