Um tempo novo na política em Portugal
Aprovada a moção de rejeição apresentada pelo PS, com os votos favoráveis de todos os partidos que não integravam a coligação governamental, o XX Governo Constitucional fica para a História como o de mais curta vida no regime democrático português.
O cenário esperado, previsto e previsível, confirmou-se.
António Costa fez então referência ao derrube de um tabu, querendo com essa expressão significar que os partidos à esquerda do PS (Bloco e CDU) terão de passar a ser encarados como solução governativa e não apenas como oposição a quem exerce a governação.
Mais do que a queda de um tabu, creio que o dia de ontem marca o início de um tempo novo na política em Portugal.
Não um tempo em que é permitido ao Bloco e CDU serem solução governativa.
Sempre tiveram essa possibilidade, apenas não quiseram nem conseguiram concretizá-la.
Fazem-no agora na lógica da rémora e do tubarão, a mesma lógica que "Os Verdes" seguem há muitos anos com o PCP no interior da CDU.
Mas esse não é o elemento essencial deste tempo novo.
O elemento essencial é o facto de doravante o partido ou coligação mais votados não serem aqueles que necessariamente formarão governo.
Rompeu-se a tradição, quebraram-se códigos de conduta, foram abandonadas as normas não escritas que até aqui sempre tinham sido seguidas e dadas como garantidas.
E entrou-se num caminho desconhecido, com consequências futuras que ninguém poderá minimamente prever.
O que se pode prever é que António Costa deverá presidir a um novo Executivo, viabilizado, mais do que apoiado, pelos partidos à sua esquerda.
Veremos se não se dirá desta nova fórmula governativa o que se tem dito de tantas outras e que já Eça há muitos anos escrevia (O Conde d'Abranhos e a Catástrofe) - "Este governo não há-de cair - porque não é um edifício. Tem de sair com benzina - porque é uma nódoa!"
Oxalá mão seja este o governo que fará com que o anterior nos pareça um bom governo. Para bem do país e de todos os portugueses.
ResponderEliminarPorque o romper das normas, desde que elas sejam normas e não leis, para mim não quer dizer nada. Em todas as situações deve haver gente com coragem para o fazer. É abrindo novos caminhos que o mundo avança. O que me preocupa, é saber se este caminho nos vai levar a algum lado ou se qual tocador de flauta mágica não nos atira todos para o mar.
E olhe que votei Costa, coisa que não fazia há anos pois desde 2005 que venho votando em branco.
Um abraço
Elvira Carvalho,
EliminarO precedente está aberto.
O que é que daqui resultará não me atrevo a adivinhar.
Tenho alguma esperança num governo liderado por António Costa com o apoio do Bloco e do PCP.
Não, nem um pouco.
Um saco de gatos.
E os gatos fechados num saco andam sempre à chapada.
Espero estar enganado, espero não estar daqui a pouco tempo a cantar "para melhor está bem, está bem, para pior já basta assim".
Não votei (mesmo que quisesse não podia porque faço parte daqueles que foram riscados dos cadernos eleitorais porque o Estado português presume que não querem votar mais).
Mais uma razão para poder olhar com independência e distanciamento para o que está a acontecer.
E não gosto nada do que estou a ver.
Eu bem dizia que António Costa me tinha soado a falso, plástico, estudado, quando o conheci aqui em Macau.
Infelizmente o tempo veio dar-me razão.
Para assegurar a sua sobrevivência política deixou Portugal em frangalhos, partido ao meio.
E vai fazer o mesmo ao PS.
Um abraço
Ontem estive a ouvir a "discussão no parlamento" e apreciar o comportamento, sim uma das vias, muitas vezes já para não dizer sempre, que nos mostra a personalidade das pessoas. Gostei de alguns discursos, poucos, mas por exemplo, goste-se ou não o do Paulo Portas marcou pontos só não gostei do adjectivo que deu ao acordo do PS e afins.
ResponderEliminarDetestei o do PPC e o do Montenegro. Gostei mais da Mortágua do que Catarina Martins.
Enquanto o "ex-governo" discursava quer António Costa quer Jerónimo Martins estiveram atentos ao invés dos exs. e esqueceram-se que estavam milhões de olhos postos neles. Houve momentos INADMISSÍVEIS para não dizer DE UMA FALTA DE EDUCAÇÃO.
Enfim...
Também não sei Pedro, mas de uma coisa eu tenho a certeza, nunca aconteceu esta "coligação" e como tal, o que é novo assusta qualquer um e Portugal não pode viver de medos dos mercados, dos e das etc e tal e portanto aguardo com alguma expectativa. E se der certo? E se conseguirem ficar os 4 anos em que prato pomos o que tanto mal dizem da criança, quando a criança ainda não começou a dar os primeiros passos?
Mas atenção...falta a decisão final do PR e PPC tinha dito que não estariam abertos a um governo de gestão, mas já voltou atrás e ontem deixou isso bem expresso, que para além de em tempos ter dito que era o mais africano de Massamá, ontem disse que é acima de tudo português. Aqui há gato...não sei, mas acho...vou aguardar.
Um abraço de bom dia para ti e todos os teus
Fatyly,
EliminarO comportamento irresponsável de António Costa, preocupado exclusivamente com a sua sobrevivência política depois de uma derrota humilhante, partiu o País ao meio.
Vê-se isso nos supostos acordos, nos discursos, nas manifs.
Visto de longe, tudo o que está a acontecer em Portugal é simplesmente vergonhoso.
Oxalá esteja enganado, venhamos a ter um excelente governo, paz, harmonia, progresso.
Mas não acredito que assim seja nem um bocadinho.
Um abraço
Bom dia Pedro. A grande alteração é um progresso de geometria: o arco converteu-se num círculo. Resta saber se "as crianças" sabem jogar com o arame. Resta saber da perestroika. Resta saber da boa fé dos players, etc., etc..
ResponderEliminarHá sempre uma primeira vez e todos merecem o benefício da dúvida. Até prova em contrário o réu é inocente. Espero que não haja grandes sobressaltos. Não acredito em quatro anos de legislatura. É muito difícil navegar num mar tão cheio de correntes e interesses. O AC vai ter forças poderosas contra ele. A política é um negócio, sempre foi, mas, hoje é-o muito mais.
Abraço.
O António Costa não me preocupa minimamente, Agostinho.
EliminarO que me preocupa são as manobras que ele já provou ser capaz de fazer para sobreviver politicamente e o que isso poderá custar ao País.
Mais uma vez, oxalá esteja enganado.
Aquele abraço
Vamos lá ver no que isto vai dar tenho boas perspectivas.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de uma boa semana.
Eu não, Francisco, não vou mentir nem ser hipócrita.
EliminarNão acredito neste entendimento entre gente que nunca se entendeu.
E detesto batotas.
Aquele abraço
ResponderEliminarFicou ontem provado que esta nova força partidária colada a fita cola sabe Matemática:
86 + 19 + 7 + (1) = 123
123 >107
E eu pergunto: saberão também governar bem este país à deriva?
É que até agora, bom ou mau, o país tinha um rumo. Agora não sei para onde vamos.
Beijinhos apreensivos
(^^)
É que nem uma nova força partidária é, Afrodite.
EliminarSão três gatos metidos num saco na esperança que não andem à bofetada.
O que é que dali vai sair??
Não faço a mínima ideia.
Mas não tenho esperança em nada de bom, muito menos de duradouro.
O que é que vai acontecer em futuras eleições agora que este precedente foi aberto?
Nem com bola de cristal!!
Beijinhos
Pedro, parafraseado o (ainda) Vice- Primeiro-Ministro, ontem no Parlamento,“(...) as bebedeiras têm um problema: a ressaca” e antevejo que nem um contentor de Guronsan nos salve da imensa ressaca que será esta aventura ancorada na fome de poder do Sr. Costa.
ResponderEliminarAquele abraço,
Assinado:
Um português desiludido.
Eu não consigo perceber que acordos são estes, Ricardo.
EliminarOs tais acordos que ninguém vê, que ninguém conhece.
Não foi posto este cenário aos portugueses antes das eleições, não deixam os portugueses saber exactamente o que estão fazer, o que vão fazer.
Vão dar a conhecer o conteúdo desses acordos ao PR quando lhe forem apresentar a solução de governo?
Ou querem que ele aceite de olhos fechados??
Cuidado com as surpresas....
Aquele abraço de um português preocupado
Pedro, partilho da sua preocupação. A situação é inédita e, já pela forma como tem vindo a ser conduzida, não me inspira confiança. Oxalá que eu esteja enganada.
ResponderEliminarUm beijinho
Aí está o essencial, Miss Smile - como é que é possível ter confiança nestes jogos florais ainda para mais feitos às escondidas e partindo de batota???
EliminarBeijinhos
CONCORDO com o Eça:
ResponderEliminar"Este governo não há-de cair, porque não é um edifício.
Tem de sair com benzina, porque é uma nódoa!"
Seria bom que não tivéssemos que citar o Eça novamente, ematejoca.
EliminarJá foi citado em demasia ao longo dos anos, já são nódoas a mais.
Mais uma???
NUNCA é demais citar o deus da literatura portuguesa.
EliminarO homem de plástico, é na minha opinião, a PIOR NÓDOA.
Ele é o grande culpado por toda esta embrulhada.
EliminarCom puro intuito de sobrevivência política pessoal.
Amigo Pedro, não será hora de dar hipótese a uma nova orientação política já que a anterior só nos empobreceu ?
ResponderEliminarEu pelo menos renovei uma esperança que andava perdida, pelos desastres das medidas do anterior executivo.
Um beijinho
Fê
Fê,
EliminarO problema é que, pelo começo da caminhada, esta não é a tal nova esperança.
Estamos perante puro oportunismo da parte António Costa e de uma série de acordos feitos pela negativa.
Repito - oxalá esteja enganado.
Mas o que pressinto é uma tempestade a aproximar-se, Costa a ir borda fora, a deixar o barco em muito mau estado, o partido também.
Tudo porque não quis reconhecer a mais humilhante das derrotas que sofreu.
Egoísmo e oportunismo não me dão esperança.
Deixam-me muito apreensivo.
E há muita gente a pensar como eu.
Mesmo dentro do PS.
Beijinhos
A lucidez e inteligência do Pedro, não precisariam de recorrer às palavras do fantástico e realista Eça.
ResponderEliminarKeep Calm, meu querido amigo, porque não correrá muita água sob as pontes.
Resto de boa semana.
Beijo, com estima e consideração.
O Eça tratou a língua como ninguém, CÉU.
EliminarSó ele poderia ser tão eloquente relativamente ao que tem sido a vida política em Portugal.
Que esta camarilha ainda conseguiu levar a extremos impensáveis.
Bom resto de semana também.
Beijo
A votação de 4 de Outubro foi fundamentalmente contra a Direita. Mais concretamente contra Passos Coelho, Paulo Portas e camaradas de ocasião.
ResponderEliminarEm boa verdade, o que se está a passar é o resultado disso mesmo.
Poder à esquerda.
Benefício da dúvida já, observação atenta logo a seguir.
Um abraço, Pedro.
Não foi nada, António.
EliminarAs pessoas não foram votar contra, foram votar para.
E, ao contrário do que se pensaria, o PS conseguiu perder (não foram os outros que ganharam, foi o PS quem perdeu) as eleições.
O rosto dessa derrota, o grande responsável por ela, resolveu salvar a pele.
Fosse como fosse, custasse o que custasse.
E é isso que estamos a viver.
Três partidos que se entenderam apenas para derrubar terceiros e que agora querem fiscalizar o governo por dentro sem estar dentro dele.
Será que isto chega para fazer algo de positivo??
Não acredito.
Mas oxalá esteja enganado, António.
Seja laranja, rosa, azul, vermelho, o que eu quero é o melhor para o meu país e para aqueles que aí vivem.
A começar pela minha família.
Aquele abraço
Pedro, estou totalmente de acordo.
ResponderEliminarSó uma pequena nuance : eu creio que este Governo (e tenho sérias dúvidas de que Cavaco o emposse) se aguentará, porque qualquer dos Partidos envolvidos sabe ( ou se não sabe é idiota) que quem fizer as coisas correrem mal será punido duramente em votos, fazendo a Esquerda estar anos longos fora do Poder.
Abraços preocupado
São,
EliminarA São nunca escondeu que é de esquerda.
Mas consegue ter uma visão desapaixonada, realista, do que vê.
Estou a ouvir a líder do Bloco de Esquerda a falar, apenas e só como líder do Bloco de Esquerda, enquanto respondo aos comentários.
Como é que se pode estar a fiscalizar o governo estando dentro dele, mas recusando integrá-lo???
Que raio de acordo é este???
Não acredito que o PR deixe Passos Coelho em gestão e deixe o problema, a batata quente, para o próximo inquilino.
Até porque, como a São bem afirma, esta aventura do PS (os outros estão lá só para garantir que a Direita não governa...) vai custar caro.
E Cavaco vai apostar em ver o PS arder em lume brando para sofrer um (ainda) maior castigo nas próximas eleições.
Que não tardarão muito, aposto.
Repito o que já aqui escrevi - o PS devia concentrar-se em ser oposição forte, responsável, obrigar a coligação a ceder a algumas reivindicações, para depois voltar a ser poder ganhando eleições.
António Costa está a deitar isso tudo a perder em nome da ambição pessoal, da sua própria sobrevivência.
E Portugal precisa de um PS forte, credível, São.
Que este irresponsável estilhaçou em menos de um ano.
O mesmo irresponsável que agora quer ser primeiro-ministro depois de ter sido envergonhado nas urnas.
Abraço muito preocupado
Não consigo deixar de pensar nessa nódoa...
ResponderEliminarEstou bem desiludida, apreensiva e sem fé.
Esperemos...
bjs
papoila,
EliminarLá vou eu repetir-me - oxalá estejamos enganados e este seja um excelente governo, Costa um grande líder.
Acredito nisso?
Nem um bocadinho.
Bjs