Tempo de arrumações
Na vida dos partidos políticos, como na vida das pessoas, de tempos em tempos é necessário efectuar arrumações em casa.
É isso mesmo que vai acontecer nos tempos mais próximos no PS.
Depois da derrota eleitoral de domingo, com as diversas facções que existem dentro do partido a não se coibirem de vir deixar no espaço público a sua opinião acerca do presente e do futuro dos socialistas, António Costa está a deixar transparecer uma serenidade que andou algo ausente no período da campanha eleitoral.
Acossado pelas forças mais à esquerda, dentro do partido (v.g. João Soares) e fora do partido (Bloco de Esquerda); acossado pelas forças mais ao centro dentro do partido (v.g. João Cravinho) e pelas forças mais à direita dentro do espectro partidário português (coligação); acossado finalmente pelo próprio Presidente da República para chegar a entendimento(s) com a coligação que viabilizem a formação de um governo; António Costa olha para dentro do partido, convoca os seus correlegionários para dizerem o que pretendem em termos de liderança e de estratégia política.
O PS está em período de arrumações.
Enquanto estas decorrem, e até que se veja ordem na casa, Pedro Passos Coelho já terá ordenado contenção e paciência àqueles que, dentro do universo da coligação, queriam a formação rápida de um novo executivo.
A confirmar-se, este terá sido o primeiro dos entendimentos a que PS e coligação estão obrigados nos tempos mais próximos.
Ou arruma ou é arrumado; penso até que os trabalhos terão de ser profundos e demorados.
ResponderEliminarAcontece, sempre que é abatido o eucalipto, que se fez dominando o espaço à sua volta, haver numa competição muitas vezes pouco democrática para a definição do sucessor.
A história recente de Sócrates, contada em fascículos na imprensa, veio condicionar a opinião pública e agravar as divisões internas no PS. É agora que AC têm de se revelar pois não conseguiu fazê-lo antes das eleições. Provavelmente pela forma como chegou ao topo e o deslumbramento pela oportunidade, aparentemente fácil, de chegar ao Governo.
Abraço
Confesso que estou muito curioso para ver o que vai fazer o PS.
EliminarO partido está transformado (já o era??) num saco de gatos e numa feira de vaidades.
Colar aqueles cacos todos vai ser muito complicado.
E não me parece que Costa seja a personalidade capaz de o fazer, capaz de agregar vontades.
Só os pesos pesados do partido (Vitorino mais que ninguém) terão essa capacidade.
O problema é que esses pesos pesados não parecem minimamente interessados em tomar a liderança do partido e de um processo de renovação que o PS precisa de enfrentar.
Aquele abraço
Sem dúvida que o PS é um saco de RATOS (gosto muito de gatos) numa FEIRA DE VAIDADES e mesquinhez.
EliminarQue não demorem demasiado porque a espera desespera.
ResponderEliminarUm abraço
Como o Agostinho, também julgo que não será um processo rápido, Elvira Carvalho.
EliminarAté porque, para bem do próprio PS e do país (que precisa de um PS forte), convém não correr o risco de apresentar (mais) erros de casting.
Um abraço
Nem sei o que dizer...ainda estou incrédulo com os resultados...
ResponderEliminarMalharam quatro anos e agora ganham parcialmente....Não entendo
As sondagens já há algum tempo andavam a revelar este cenário, luis.
EliminarRepito o que já comentei - não foi a coligação que ganhou as eleições, foi o PS que as perdeu.
Agora arrumem a casa e apresentem-se de cara lavada aos portugueses que bem precisam de um PS forte e credível.
Tenho algum receio nas decisões do PS, Pedro.
ResponderEliminarDesde logo, o partido, aliás, como qualquer um que perde está muito fragmentado e Costa é o principal responsável por isso, pois colocou a fasquia muito alta, prometendo o que não podia dar aos militantes socialistas, isto é, a maioria dos votos dos portugueses.
É meu entendimento que aquando da revisão constitucional, ocorrida em 1989, deveria ter sido introduzida uma norma em que se previsse a situação dos Governos minoritários e a sua (verdadeira) legitimidade para governar.
Meu caro, já não há paciência para ouvir as pessoas reclamarem do nosso País e quando perguntamos em quem votaram respondem, desenvergonhadamente, que não foram votar. Bolas, a abstenção foi de 43%, Pedro, os meus pais que andam na casa dos 70 anos foram votar, chovia no Funchal, mas eles foram votar, eu e a minha mulher fomos votar e levamos as miúdas connosco aproveitando para fazer a pedagogia do exercício do direito ao voto.
Tenho eu lá culpa que não tenha existido maioria absoluta?
Será que uma população que votou, maioritariamente, contra as medidas preconizadas quer pelo BE, quer pela CDU tem de os aturar no Governo?
Como bem dizia Agostinho da Silva sobre os políticos «Os políticos, em lugar de se ajudarem entre si e uns aos outros nesta tarefa difícil que é administrarem um país, em que se tem ao mesmo tempo que olhar o presente com todo o cuidado objectivo, e ter a maior confiança no que se pode concretizar de futuro, em lugar de os políticos se ajudarem uns aos outros, se auxiliarem, a realmente levar essa tarefa por diante, tantas vezes se entretêm, em todos os países, a lutar uns com os outros, a desacreditarem-se uns aos outros, como se isso pudesse fazer avançar seja o que for.»
O texto já vai longo e maçador, Pedro, peço-lhe desculpa por isso, mas é que já me aborrece assistir à política de "terra queimada" quer por parte do BE, quer por parte do PCP, sim, porque a CDU é um subterfúgio que os comunistas arranjaram para continuarem a ter votos e representação parlamentar, aliás, em 16 deputados que tem assento na AR só dois são do partido ecologista "Os Verdes".
Aquele abraço, Pedro.
Deixe-me começar pelo fim, Ricardo.
EliminarQuantas vezes foram os Verdes a votos e foram eleitos?
Mais que uma coutada do PCP, a CDU é um refúgio de gente que nunca foi eleita por si própria.
O que a CDU é, sobretudo, o Bloco de Esquerda, estavam a preparar eu já previa há muito tempo, Ricardo - golpada, pura e simplesmente golpada.
Como se o PR fosse dar posse a um governo de gente que não ganhou as eleições...
Batota, não!!
Foi uma bosta destas que me fez voltar às costas à política, aos politiqueiros, Ricardo.
O PR, pelo qual não morro de amores, fez o que a Constituição manda - convidou o líder do partido mais votado a formar governo e até lhe deu indicações de como seria esse governo (formado com entendimentos com outros partidos).
Quem sair desta interpretação do texto constitucional pura e simplesmente entra no campo da chamada interpretação correctiva, algo que sabemos bem é rigorosamente vedado ao intérprete.
Vamos ter um governo que vai durar pouco tempo, Ricardo.
Mas espero que nesse pouco tempo saiba governar, saiba dialogar.
E espero que o PS se arrume de vez.
Porque Portugal precisa de um PS forte, sério.
Aquele abraço
Caro Amigo Pedro Coimbra.
ResponderEliminarNo meu viés o que enfraquece um partido político são as facções internas.
Caloroso abraço. Saudações enfraquecidas.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus, sem ranços, com muita imaginação e com muito gozo.
O que é que acontece quando, dentro do barco, nem todos remam para o mesmo lado, Amigo João Paulo de Oliveira?
EliminarO barco começa a meter água.
E acaba por ir ao fundo depois de ter andado às voltas.
Não quero que aconteça isso ao PS porque Portugal precisa do partido arrumado e forte.
Grande abraço
O partido quer fazer uma forte reflexão e uma clarificação em relação ao que aconteceu e tirar as devidas consequências. CONCORDO!
ResponderEliminarFiquei sim chocada com as declarações do dirigente socialista António Galamba que diz que “O que o Dr. António Costa fez ao PS e ao país é criminoso”, que mostram um político cuja visão e espírito são limitados, desprovidos de magnanimidade.
É o debate do PS sobre os acontecimentos de forma clara, serena e tranquila?
Não, não é. É uma caça às bruxas.
Essa criatura, como outras que para ali andam, são uns debocados com sede de poder, ematejoca.
EliminarE ressabiados por terem sido postos na prateleira.
O PS tem que limpar estas teias de aranha, abrir as janelas e deixar sair o cheiro a mofo.
Porque, insisto, o próprio país precisa disso.
António Costa tem que dar um murro na mesa e mostrar quem manda. Para poder reorganizar a estrutura socialista, há muito tempo abalada de dentro para dentro.
ResponderEliminarSempre tive Costa como um estratega. Nesse aspecto, desiludiu-me na campanha eleitoral mas começa a mostrar estar aí para as curvas.
É verdade, e perigoso, que os inimigos de Costa tudo farão - já começaram - para descredibilizar o chefe. Não vão conseguir mas, o que é péssimo, continuam a destilar veneno e a dar continuidade a um clima de instabilidade dentro do partido.
Repare, Pedro, numa coisa que parece um pormenor sem a mínima importância mas não é. Tudo indica que o PS não vai apostar numa candidatura própria às presidenciais. Afastou-se de António Sampaio da Nóvoa e já deu os mesmos sinais em relação a Maria de Belém.
As arrumações vão demorar mas vão ser eficazes.
Um abraço.
As presidenciais são um bom sinal do desnorte que grassa no PS, António.
EliminarNão só não há um entendimento em volta de um candidato único, outra vez!!!, como ainda há insultos no espaço público face a quem já avançou.
Liberdade de voto na primeira volta?
E aparece um candidato (Marcelo???) que limpe as eleições logo na primeira volta?
Organizem-se à volta de um líder, de um projecto comum.
Não corram o risco de imitar o que aconteceu ao socialistas na Grécia, em Espanha, na Alemanha.
Aquele abraço
Acho que a arrumação terá começar sim, por uma desinfestação! Caso contrário arriscam-se a desaparecer por completo.
EliminarBolas, um país tão pequeno e toda esta maltinha só quer tachos?
Já não digo nada:)
Um abraço
Já não há vergonha, Fatyly.
EliminarE isso é o mais triste.
Um abraço
O maior "ziguezaguiante" da história política recente !!!
ResponderEliminarDomingo à noite : "o PSD tem mais deputados e deve formar governo" !
Terça fª : "vamos negociar seriamente à esquerda para um governo de esquerda".
Isto no mínimo é um comportamento ridículo !!!
Como confiar num indivíduo destes que já demonstrou estes mesmo ziguezagues durante todo o último ano ?... Os exemplos são infindáveis à esquerda e à direita !
... e mais ! ... O que eu mais detesto na "nossa política portuguesa" é a falta de "Sentido de Estado" ! ... "Whatever it is, I'm Against it" !
Quaisquer que sejam as políticas propostas, mesmo que boas, ...
... "qualquer que seja o "Orçamento" eu chumbo-o" !!!
... e a verdadeira (?) "coerência" ?! ...
"eu privilegio, acima de tudo, a estabilidade do país" !!!
Eu sabia que havia 2 partidos que não têm vocação de governo, mas apenas de "estar contra" (e isso até pode ser útil ) ! ... mas não sabia que a eles se juntou um outro ! Um outro, que começou a desbaratar os votos (dos 60% para os 30 e poucos) no dia em que os eleitores socialistas se começaram a aperceber com quem estavam a lidar !
Isso mesmo deixou-me a pensar e ajudou-me a decidir o meu voto !!!
... Como é possível, mesmo agora, tentar conciliar o inconciliável numa altura em que já tivemos a grande lição do que se passou na Grécia ? ...
De resto, "já o disse" há um grande equívoco quando se fala em "Esquerdas" !
O PS, está muito mais próximo do PSD/CDS do que do PCP/BE.
Abraço, Pedro !
Na sequência do meu comentário anterior, tenho que referir que hoje 4ª fª ao fim da tarde, António Costa recebeu um mandato da Comissão Política do PS para encetar as diligências necessárias com o PSD /CDS, para impedir a ingovernabilidade ! …
ResponderEliminar… mas atenção, não se iludam, porque hoje é 4ª fª e amanhã, 5ª, ou na 6ª, quem sabe, talvez voltem a pensar que afinal, não ! :( … Que chatice ter que descalçar esta bota ! :(
Será talvez mais aconselhável rever as possibilidades de governar com o PCP /BE ??? … Assim, talvez estes dois partidos se conseguissem tornar mais europeístas e defensores do Euro e da NATO e também fazerem um "manguito" aos seus programas ! … Quem sabe ? … Na política, afinal “vale tudo” , tanto faz, desde que se esteja no poder !
… no entanto, tenham presente que ainda temos mais uns dias pela frente na próxima semana e há que tomar decisões que finalmente agradem aos 3, 4 ou 5 partidos que fazem parte do PS ! … e também aos 2 que começam a surgir no PCP e no BE !
Afinal, … pensando melhor, sempre é melhor aguardar por Abril, quando houver uma só (??) “linha política” no PS, para finalmente se saber que governo vão viabilizar .
Não desesperem, que cada dia é cada dia ... e atrás de um vem outro ! :))
Hoje vou dar mais umas achegas ao tema, Rui
EliminarPorque começo a ficar com vómitos depois do que vou ouvindo.
E, a continuar nesta deriva, o PS, que eu gostaria de ver reforçado, corre seriamente o risco de se tornar uma força política residual.
Manta de retalhos parece que já é.
Que tal formar dali vários partidos e não várias tendências??
Só falta isso....
Aquele abraço
Dizia-se (alguns comentadores, e por isso vale o que vale) que Antº Costa era melhor que Seguro.
ResponderEliminarOra um político com ambição de ser dirigente máximo de um partido precisa de esperar que um outro se atire de cabeça (salvo seja) primeiro para depois o afastar (à segundo porque na primeira tentativa se "encolheu") e ser então aclamado "o grande capo"?
Não, para mim um político com este comportamento não deveria ascender a mais do que presidente de junta de freguesia, ou enfim a presidente de câmara. Eu não gostava de o ter como 1º Ministro. Nem percebo onde nem como ele é melhor do que Seguro que eu descrevi como um pudim flan, ou seja, muito vistoso mas sem consistência; o Costa será mais como uma musse ou um podim de claras (molotov?)
E pensas: então votaste no Coelho? Não, não votei! Mas foi muito difícil decidir-me porque todos eles defendem algo com que não concordo. E o resultado foi que o meu voto nada acrescentou.
Grande abraço pah!
O primeiro erro de António Costa foi precisamente tomar o partido de assalto, Kok.
EliminarNunca ficou bem na fotografia a maneira como ele espetou uma facada nas costas de António José Seguro depois de vitórias por poucochinho (sic).
Acredito que muita gente tenho seguido o mesmo sentido de voto, Kok.
Os que votaram.
Porque não podemos esquecer os 43% que nem sequer foram votar.
Aquele abraço