A cimeira do Eurogrupo e o póquer aberto
Preparando a cimeira europeia que se avizinha, os ministros das finanças do Eurogrupo reúnem-se hoje em Bruxelas para ouvir Yanis Varoufakis apresentar as ideias do novo governo grego para fazer face a uma dívida que assume mas que afirma não ter possibilidades de liquidar nas condições acordadas.
O que se tem ouvido, da parte de Yanis Varoufakis e Wolfgang Schäuble, é um discurso musculado, extremado, uma afirmação tenaz de posições antagónicas.
Um discurso para consumo interno, claramente direccionado aos respectivos eleitorados, um marcar de posições à partida para aquilo que ambos sabem ser um inevitável processo de negociação.
A Grécia parte para este processo com um sinal bem claro - não pretende abandonar o euro, muito menos a União Europeia, mas dispõe de alternativas (Rússia e China à cabeça) na eventualidade muito remota desse cenário se concretizar.
Assumindo a habitual postura dura, de aparente inflexibilidade,
Wolfgang Schäuble, estribado no apoio de países como a Finlândia, Portugal e Espanha, afirma que não vai ceder às pretensões gregas de renegociação das condições de liquidação da dívida, que os acordos têm que ser cumpridos na sua plenitude.
Representando o meio termo,
o chefe do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, afirma que é necessário ouvir as posições de um novo governo dentro do Eurogrupo e partir daí para uma negociação aberta e flexível.
Só quem nunca jogou póquer aberto é que não percebe o bluff de Varoufakis e
Schäuble e não sabe que, no fim, nem sempre a melhor mão, o melhor jogo, vence.
Já se vêem algumas cartas na mesa, outras vão ser colocadas hoje, ainda haverá mais jogo e mais estratégia antes das apostas finais.
Que o jogo não esteja viciado, que se saiba jogar limpo, com argúcia mas boa-fé, é o que se deseja que resulte desta cimeira do Eurogrupo.
Para que, ao contrário de um qualquer jogo de póquer, não haja no final vencedores e vencidos, antes a tal negociação aberta e flexível que
Jeroen Dijsselbloem aponta e que parece de todo inevitável.
Mesmo correndo o risco de criar precedentes perigosos.
Desejo que seja um encontro sério e saudável e acredito que surgirá uma boa solução, porque todo este processo abanou a UE que à décadas anda a brincar com o fogo e com os povos!
ResponderEliminarUm bom dia
Estou convencido que, depois de alguns arrufos, do mostrar peito dos dois lados, existirá um qualquer acordo que salve a face a ambos e que permita a permanência da Grécia no euro e na União Europeia.
EliminarMas essa negociação será ainda mais complicada por ter que necessariamente envolver outros países devedores.
Um bom dia também
~ Parabéns, Pedro.
ResponderEliminar~ Uma análise precisa e assertiva.
~ Não sei jogar póquer, mas imagino.
~ A opinião de Jeroen é sensata e pode fazer toda a diferença.
~ A direita alemã continua a agir prepotentemente pensando em votos e querendo mostrar que todos lhe devem vassalagem.
~ Eu que sempre usei carros Opel, resignei-me a não adquirir outro: Já agora, vou esperar para ver.
~ ~ ~ Beijinhos. ~ ~ ~
.
Também acredito que a opinião do representante da entidade supranacional, que não está a responder para eleitorados internos, poderá fazer toda a diferença, Majo.
EliminarE tenho esperança que seja assim.
Não há razão para abandonar os carros alemães, Majo.
Eu e a minha mulher conduzimos um cada um.
E estamos bastante satisfeitos.
Beijinhos
~ Será um sacrifício abandonar a Opel, mas pode crer que fá-lo-ei, se os alemães se mostrarem intransigentes. Beijinho, amigo. ~
Eliminar.
O meu pai teve um Kadett durante 30 anos, Majo.
EliminarBeijinhos
Pedro, concordo consigo na essência, aliás, isso não é novidade nenhuma, porém, parece-me que Portugal e a Irlanda (não esquecer), in casu, apenas exigem tratamento igual ao que tiveram para cumprirem os seus "Planos de Reajustamento Financeiro".
ResponderEliminarMeu caro, isso lembra-me o "Dom Quixote de La Mancha" que venceu tantos combates como aqueles que perdeu, aliás, para ele, ou melhor, para Cervantes a vitória e derrota equivaliam-se, o que, de certa forma, relativizava qualquer uma delas. Assim, tal como o fidalgo transformava as suas derrotas em vitórias com a maior facilidade do mundo, a UE e mesmo a Grécia transformarão numa grande vitória e nunca admitirão o fracasso.
Aquele abraço, Pedro e desculpe lá estas "derivações literárias".
Derive à vontade, Ricardo.
EliminarGosto de comentários inteligentes de pessoas inteligentes.
Portugal e a Irlanda, se a Grécia for alvo de tratamento preferencial, e se o quiserem (ainda não o pediram) acredito que também poderão ter as condições de liquidação das respectivas dívidas renegociadas.
Mas nunca o pediram, atenção.
No final, bem à chinesa, acho que ninguém irá perder face.
Aquele abraço
Estou um pouco apreensiva.
ResponderEliminarA posição geo estratégica e simbólica da Grécia é demasiado importante para a União Europeia, Timtim Tim.
EliminarE vai conduzir a bons resultados
A falar é que se entende, mas julgo que deve aer difícil a Dama nazi entender...principalmente em português
ResponderEliminarKis :>}
Vai ter que entender, AvoGi.
EliminarEla sabe que não pode impor a sua vontade.
Mas vai passando essa ideia.
Sobretudo para dentro do país.
Beijinhos
Isto de jogar limpo com políticos não é fácil, mas é esperar que reine um pouco de bom senso no geral...
ResponderEliminarBeijocas
Uma vez que estão políticos dos dois lados esse efeito sacana dilui-se, Teté :))
EliminarBeijocas
Espero que a Alemanha , porque é ela quem manda realmente na pseudo União Europeia, tenha bom senso...
ResponderEliminarVai ter, São.
EliminarAgora é a fase do discurso musculado, para dentro, para o eleitorado alemão.
Que vai suavizar com o passar do tempo
Vamos ver se sai fumo branco desta reunião Pedro!
ResponderEliminarabraço positivo
Angela
Desta ainda não, Angela.
EliminarNão acredito.
Será um processo que não se resolve numa reunião.
Um abraço
Passo só para deixar um beijinho. O cansaço do excesso de trabalho faz-me andar menos pela blogosfera.
ResponderEliminarIrei ler o texto.:))
Pedro,
ResponderEliminarA minha simpatia está com a Grécia. Tinha lido nos media.
Bjs. :))
Eu quero que haja entendimento e que haja uma lufada de ar fresco na União Europeia, ana.
EliminarAnda tão cinzentinha a UE!!
Beijinhos
Parece-me evidente que ambos vão ceder e no final vão dizer isso mesmo, mas ambos se mostrarão satisfeitos. Chegou-se a um ponto em que ninguém vai querer perder a cara. O pior deste jogo são mesmo os mirones como Passos e Cavaco que têm feito figura de bobos
ResponderEliminarPassos e Cavaco também estão a falar para dentro, Carlos.
EliminarCom o problema que quererem agradar (literalmente) a gregos e troianos.
Acabam por não agradar a ninguém e fazer figura de parvos