Salário mínimo? Não será salário máximo??


Na governação de Macau, com a febre das consultas públicas sempre em pano de fundo, há  processos de consulta pública que se afiguram de todo inusitados.
Perguntar à população qual o valor adequado para o salário mínimo para os trabalhadores da limpeza e segurança de prédios (os outros sectores, como dizia o Badaró nas aulas de condução, "a gente vê depois"), apresentando como intervalo valores entre as 23 e as 30 patacas/hora (184 patacas por dia ou 4784 patacas por mês; 240 patacas por dia ou 6240 patacas por mês) é, para além de incompreensível (será a opinião da população assim tão relevante? E a opinião da população é baseada em quê? Sensibilidade? Para governo científico, estamos conversados!) uma falácia.
Porque estes valores, e esta consulta, não se referem a um salário mínimo.
Referem-se antes a um salário máximo.
Porque acho que todos já percebemos que o valor que for encontrado será aquele que os empregadores terão como referente máximo para pagar aos seus trabalhadores.
Sem negociação colectiva, com uma das partes incomensuravelmente mais forte que a outra, com um Governo que se demite de regular unilateralmente a questão, antes se refugia em estudos científicos, que vão dar lugar a consultas públicas ad hoc, do que estamos a falar é de um salário máximo.
Com valores miserabilistas.
Mais ainda se comparados com os muitos milhões que todos os dias circulam, em crescendo, numa cidade que se diz querer ser internacional.

Comentários

  1. Estimado Amigo Pedro Coimbra,
    É uma ssunto muito polémico, já que os empregadores estão como os políticos portugueses, comem tudo e não resta nada....
    Abraco amigo.
    Ps. Terei que regressar a Macau nos principios de Novembro para fazer a declaracão de rendmentos, esta é mais uma de bradar aos céus.

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    1. Uma exploração desavergonhada, Amigo Cambeta.
      Com o beneplácito do Executivo.
      Se metessem os estudos e as consultas onde não se vê o sol!!
      Aquele abraço!!

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  2. É só estudos, porra, e o Povo parece...adorar ser explorado!
    Abraço, Pedro

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    1. E o mais curioso é haver gente a responder a estes estudos, Ricardo.
      Sem saber nadinha acerca do que está em causa, mas exprimindo uma opinião muito válida (???????).
      Passo-me da cabeça!
      Aquele abraço!!!

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  3. Consulta para salários?!

    Não existem sindicatos( a ignorância é genuína)?

    E as pessoas alinhasm nestes disparates?

    Bom dia e espero que tenham sido agradáveis as suas comemorações, rrss

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    1. Não, São, não existem sindicatos.
      Esse é um dos problemas.
      Não havendo organizações que representem os trabalhadores, a parte patronal é infinitamente mais forte.
      Estas consultas são um puro formalismo idiota.
      A decisão há muito que está tomada.
      Mas não é o Governo a assumi-la.
      Refugia-se atrás de estudos e de consultas e não sai tão chamuscado se alguma coisa correr mal.

      As comemorações foram porreiras.
      Já comemorava outra vez... :)))

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  4. Tirou-me as palavras da boca... Concordo a 100%.

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    1. Estamos mesmo a ver os empregadores, este patronato explorador, a pagar acima do "salário mínimo" não é, mor??
      O mais irritante é fazerem do nós idiotas, ou, pior que isso, estúpidos.

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  5. Concordo com o que dizes...e já vi que a bandalheira é igual à de cá, com sindicatos ou não! APRE!!!!

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    1. A bandalheira aqui tem coisas que são únicas, Fatyly.
      Inimitáveis, diria mesmo

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  6. Caro Amigo Pedro Coimbra!
    Achei estranho não ter sindicatos em Macau.
    Espero que o feriado prolongado tenha lhe possibilitado momentos relaxantes junto aos seus entes queridos!
    Caloroso abraço! Saudações sindicais!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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    1. Não há nem há perspectivas que venha a haver, Amigo João Paulo de Oliveira.
      Com uma Assembleia Legislativa dominada pela classe empresarial, qualquer tentativa de fazer uma lei sindical morre à partida.
      E, sem lei enquadradora.....
      Aquele abraço!!

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  7. Por cá estamos na mesma... Mundo Cão!!!

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    1. Para maior indignação, dividir os valores por 10.
      É desses valores que estamos a falar, Graça :(

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  8. Contas feitas à Gaspar? Só falta a apresentação em Excel...

    Abraço, Pedro.

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    1. Muito pior que qualquer Gaspar, António :(
      Aquele abraço!!

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  9. Bom dia caríssimo Pedro Coimbra,
    Tenho estado atenta aos seus textos e a todo o que diz respeito a Macau. Eu que julgava Macau ser o novo sonho oriental...

    Estou decidida a ir para Macau, apesar de não ouvir só coisas boas desses lados, é mais forte a vontade de ir... Sonho desde pequenina em viver ai, não só por uma melhor vida, mas também por toda a cultura que me fascina.
    Há cerca de dois meses que envio e-mails para empresas em resposta a anúncios de trabalho e ... Zero. Até hoje nem um "você não foi seleccionada"!
    Posto isto, tentei outra forma, conheci um senhor amigo de família que aí trabalha e... Também nada me diz, ficámos de contactar por e-mail e nada. Recentemente conheci outro senhor e vou tentar ver o que consigo. Nunca pensei ser tão difícil!

    O que me aconselha a fazer para arranjar aí trabalho?
    Sou técnica de ambiente, mas não sei se há trabalho na minha área, estou disposta a trabalhar em qualquer coisa, inicialmente para me conseguir instalar, e depois arranjar algo melhor. Aqui em Portugal tirei uma licenciatura e o máximo que tenho arranjado é num super mercado, e todos me dizem "e contenta-te com o facto de teres esse trabalho".. Eu sei, está difícil até mesmo ter trabalho e dever-me-ia sentir uma privilegiada mas, só consigo não me sentir feliz.
    Desculpe o testamento...


    Obrigada por todos os textos, escreve muito bem.
    Um abraço de Portugal,
    Fernanda Nogueira.

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    1. Fernanda Nogueira,
      O problema em encontrar emprego em Macau não é que este não exista.
      Há até uma Direcção de Serviços na sua área de especialização (Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental).
      para além de empresas privadas que prestam serviços na área do ambiente.

      O problema é outro.
      Em Macau, o conceito mais importante não é a nacionalidade.
      É a residência.
      Você não tem o BIR (Bilhete de Identidade de Residente) e as restrições à importação de mão-de-obra são crescentes.
      E está numa situação de pescadinha de rabo na boca (há muita gente no mesmo barco) - não tem BIR, não consegue emprego; mas, para conseguir emprego, tem que ter....BIR.

      Não lhe vou mentir, não lhe vou criar ilusões.
      É efectivamente muito complicado nesta altura.

      A solução é mesmo conseguir que lhe dêem andamento ao processo de recrutamento aqui.

      Se me permite, e porque já me contactaram antes e puseram esta hipótese, não venha à aventura.
      Só com algo seguro.
      O custo de vida em Macau é muito elevado.
      E, como vê, apesar de não haver desemprego (há uma margem ínfima de desemprego estrutural) não é fácil conseguir emprego para quem não é residente.

      Um abraço para Portugal, o desejo que tudo corra como anseia, a disponibilidade total para lhe responder a todas as questões que queira apresentar.
      Pedro

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  10. Coimbramigo

    Ao ver o título cheguei a pensar que escrevias sobre o (des)Governo "nacional". Mas, logo na primeira linha do textículo desiludi-me: afinal era Macau. Onde eu não há muitos anos; cheguei a escrever para a Revista Macau, fui aí umas quantas vezes, mas, depois acabou-se a árvore das patacas.

    Corrigindo (ainda que muito contrariado) a minha pretensão inicial (bem dizia o João Pinto do teu clube; previsões só no fim do jogo , tenho de te dizer que tens aqui um texto excelente.

    一個大大的擁抱

    Henrique

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    1. FerreirAmigo,
      Estes tipos andam a (des) governar mais aqui do que aí.
      Acreditas?
      Parece impossível, não parece?
      É a mais pura verdade.
      Irrita até à medula!!
      Toma lá um abraço!

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  11. Não estaremos a falar de capitalismo no seu melhor? Ou exploração mascarada de democracia? Não é feita uma "consulta" ao povo?
    Hipocrisia? Não, nem pensar!

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