Execuções sumárias

Dick Cheeney, tido o mais poderoso vice-presidente da história americana, terá sido o grande responsável pela aventura americana no Iraque.

Uma manobra que mergulhou todo o Médio Oriente no caos e que teve reflexos ainda hoje sentidos em todo o Globo.

A lei é pouco importante quando há uma causa maior a ser defendida, era então o argumento.

No Iraque, a existência de um arsenal de armas de destruição maciça que era urgente destruir antes de serem utilizadas.

O país foi invadido, o governo derrubado (não está em causa a sua legitimidade ou falta dela), as armas nunca foram encontradas.

Donald Trump não se deixa ultrapassar por vice-presidentes por mais poderosos que sejam.

Avesso à rule of law, a quaisquer tratados internacionais, Donald Trump tem executado sumariamente alegados traficantes de droga saídos da Venezuela.

O tráfico de droga alimentará o regime do tirano Maduro, inundará o mercado americano, os Estados Unidos vêem-se obrigados a intervir.

Num caso e noutro, o que está em causa é a mudança de um regime político.

Pela força, à bruta, unilateralmente decidido e executado pelos Estados Unidos, curiosamente em países com grandes reservas naturais de petróleo.

Quando ainda todos sentimos as ondas de choque do Iraque, Donald Trump está a semear uma guerra civil na Venezuela cujas consequências são também elas imprevisíveis.

A começar pelo controlo da produção e tráfico de droga que supostamente legitimam mais esta aventura americana.