A justiça de Deus e a justiça dos homens
A proposta para que seja concedida uma amnistia por ocasião do Jubileu da Igreja Católica é mais um motivo para fracturar um Parlamento já profundamente dividido.
Tenho uma opinião formada acerca do tema desde que me lembro de ser gente.
Misturar a justiça dos homens e a justiça de Deus é uma péssima ideia.
O perdão divino, a ser concedido no seio da Igreja, nunca se deve cruzar com o possível perdão laico, a ser concedido pelos tribunais ainda que com fundamentos políticos.
Separação rigorosa entre Estado e Igreja como axioma fundamental das sociedades modernas.
Argumenta-se que o que se pretende é dar um sinal de esperança num momento em que esse sentimento é tão essencial.
Intenção nobre, caminho e fundamento errado.
E a abrir um precedente perigoso.
O Estado é laico.
E assim deve continuar.
A amnistia concedida aquando da visita do Papa já foi um passo ousado.
Repetir esta ousadia tão pouco tempo depois, e novamente fundamentada na Igreja Católica, é dar um mau sinal num Estado que se pretende laico e inclusivo.
E é fazer imiscuir a Igreja na política criminal, no cumprimento de penas, na reinserção social dos reclusos.
Uma vez mais.
O perdão de Deus não se deve misturar com o perdão dos homens.
A Igreja pode e deve perdoar aqueles que num momento ou outro das suas vidas prevaricaram.
E perdoá-los com base nas leis da Igreja.
O perdão criminal tem de obedecer a outros fundamentos e tem de ter outros objectivos.
Não uma celebração Católica.
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