O bom exemplo do Tribunal de Última Instância de Hong Kong

O Tribunal de Última Instância de Hong Kong deu um passo corajoso com a sua decisão de reconhecer as uniões civis entre casais do mesmo sexo.

E deu ao Executivo de Hong Kong um prazo de dois anos para definir um quadro legal que dê conteúdo a esta decisão.

No seio de sociedades dominadas ainda por valores muito tradicionais, dentro de um país que não reconhece as uniões entre casais do mesmo sexo, esta é uma decisão corajosa e histórica.

Não percebo porque razão os casais do mesmo sexo não podem ver reconhecidos para efeitos civis os direitos decorrentes dessas uniões.

E recordo sempre as palavras de Tom Ford, conhecido homossexual, dono de uma fortuna colossal, que lamentava que na sua morte o seu companheiro de uma vida iria ver o Estado tirar-lhe 60% daquilo que tinham conquistado.

Afinal o Estado da Califórnia legalizou os casamentos entre casais do mesmo sexo e foi até o companheiro de Tom Ford a falecer primeiro.

Mas estava ali à vista a possível injustiça, o possível esbulho que o Estado iria levar a cabo por não reconhecer legalmente o que a prática confirmava à evidência.

Hong Kong está a querer trilhar o caminho certo e justo.

Sem debates espúrios acerca de opções sexuais, muito menos ancorados em crenças religiosas, apenas reconhecendo legalmente a experiência de vida na sua plenitude.

Esperemos que o exemplo frutifique.