ONU a caminho do descrédito total?


A ONU, o paradigma do famoso soft power, tem vindo a perder credibilidade e influência ao longo dos anos.
O qualificativo soft power, no que tem de pejorativo, é disso perfeitamente sintomático.
Mas, se no que deveria revelar-se forte, interventiva, a ONU é soft, já na luta política interna, na mais desenvergonhada politiquice, é muito forte.
Prova disso (mais uma), o processo de eleição do novo secretário-geral, do sucessor de Ban Ki-moon.
Depois de cinco votações informais, depois de os candidatos se terem submetido a escrutínio público, de terem sido chamados a prestar provas perante os membros da Organização, em vésperas da primeira votação na qual tomarão parte the big five, acontece o que já se vinha a adivinhar mas ninguém queria acreditar fosse possível - o aparecimento de uma nova candidata, a búlgara Kristalina Georgieva.
Ligada ao Partido Popular Europeu, actual vice -presidente da Comissão Europeia (fica com licença sem vencimento para concorrer ao cargo de secretário-geral da ONU), favorita de Angela Merkel, que tentou inclusivamente na cimeira do G20 aliciar Vladimir Putin para apoiar uma candidata que ainda o não era (Putin terá ficado irritado com a proposta porque queria ser ele a dar o impulso a um nome vindo do Leste da Europa), favorita de Ban Ki-moon (quando o actual secretário-geral disse publicamente que gostaria de ver uma mulher suceder-lhe não o fez de forma inocente...), correspondendo ao perfil do que de forma não-oficial deveria ser o próximo secretário-geral da ONU (o sistema de rotatividade levaria à eleição de um candidato oriundo do Leste da Europa), Kristalina Georgieva pode perfeitamente ser a primeira mulher a ocupar o cargo de secretário-geral das Nações Unidas.
A ser assim estaremos perante um momento histórico por duas ordens de razões - a eleição de uma mulher para o cargo; um golpe tremendo na já de si muito débil credibilidade das Nações Unidas.
Kristalina Georgieva, e aqueles que a apoiam, guardaram a agora candidata, deixaram-na escondida enquanto os outros candidatos se desgastavam, para a apresentarem agora  a escrutínio já com os membros permanentes do Conselho de Segurança a poderem votar e fazer uso do seu direito de veto.
A ONU, pesada, balofa, anquilosada,  ineficaz, continua a ser palco de jogos de reles politiquice nos bastidores, levados a cabo por politiqueiros que tomaram conta da Organização e a fizeram refém dos seus interesses mais mesquinhos, estará à beira de assistir a uma descarada golpada política.
Um golpada que, a confirmar-se, representará mais um profundo golpe nas já tão feridas reputação e credibilidade da Organização.

Comentários

  1. Infelizmente meu amigo é isso mesmo que está
    a acontecer. Lamento, por várias razões.
    Como se vê "democracia" não existe.
    Lamento por Guterres e pela ONU.
    Um abraço amigo.
    Irene Alves

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    1. A baixaria é tal que ainda surpreende, Irene Alves :(
      Um abraço amigo

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  2. Leva-nos a pôr tudo em causa! Afinal para que serviram todas aquelas etapas? Guterres têm sido uma espécie de lebre? O Marcelo saiu-se com uma boa metáfora: é como ir numa maratona e, de repente, a 100 metros da meta entra alguém inesperadamente.
    Está tudo a esboroar-se...

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    1. Eu ouvi as declarações do PR, Célia.
      E são muito correctas.
      Uma batota, ainda que legal, não deixa de ser batota.
      Pode, legalmente, aparecer um candidato nesta altura do jogo.
      Ma lá que fede a batotice, lá isso fede.

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  3. É como diz, Pedro. Não há credibilidade que aguente.

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    1. Já é pouca, luisa.
      E com episódios como este vai desaparecendo ainda mais.

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  4. Pergunta (de retórica), Pedro:

    A ONU ainda tem, se é que alguma vez o teve, credibilidade?

    Outra pergunta, igualmente de retórica, meu caro:

    A CE/UE, ou melhor, a "Administração" Juncker em que difere de um qualquer "lambe-botas" das verdadeiras potências mundiais?

    Por fim, Guterres é um bom candidato, mas noto-o muito apagado, muito clérigo, entende-me, amigo.

    Aquele abraço, Pedro.

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    1. E é essa postura algo pãozinho sem sal, que já teve enquanto primeiro-ministro, que também o está a tramar, Ricardo.
      Espero que ele agora, no final da corrida, saiba ter um bom sprint, uma boa ponta final.
      Se não for assim arrisca-se a ficar mesmo atrás dos batoteiros.
      Um processo em tudo viscoso, Ricardo :(
      Aquele abraço

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  5. Não sei se será norma, mas que é estranho é por ser algo sem credibilidade alguma, porque a ONU cada vez mais...fico por aqui!
    Não interessa ser português chinês ou de outra nacionalidade, o que está aqui é a forma e conteúdo de os poderosos como Merkel e Ki-boon conseguirem o que querem.

    Quer por lá, quer pelo FMI, quer pela UE...há muitos jogos de bastidores e os povos que alimentem imensos parasitas que proliferam como cogumelos.

    E agora vou ser mazinha: Guterres foi bom 1º. ministro? O que fez ele no Alto Comissariado para os refugiados? Fez coisas boas e más e está completamente desgastado e parece um bolinho de massa tenra sem sal.

    Barroso largou o barco e foi para mar alto
    Guterres largou o barco e foi para mar alto
    Constâncio largou o barco e foi para mar alto


    Pois...a lista seria infindável e eu que sou burra não entendo nadica de nada destes jogos de bastidores e muito menos a entrada da Kristalina no meio da corrida seria caso para ser desclassificada:))

    Beijocas

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    1. O processo todo, apesar de repugnante, não é ilegal, Fatyly.
      Já ilegítimo...
      Guterres sempre foi pouco assertivo.
      Essa bonomia até poderia jogar a seu favor nesta candidatura a líder da ONU.
      Se a ONU fosse o espaço de paz e harmonia que se sonhou.
      Dentro de um ninho de víboras, como é a actual ONU, um ser humano como Guterres, um humanista, terá muita dificuldade em sobreviver aos golpes baixos de reles politiqueiros.
      Beijocas

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  6. É inacreditável o que se está a passar com as candidaturas à presidência da ONU, e o meu amigo diz tudo nesta triste e real frase "A ONU, pesada, balofa, anquilosada, ineficaz, continua a ser palco de jogos de reles politiquice nos bastidores, levados a cabo por politiqueiros que tomaram conta da Organização".
    Um abraço e continuação de boa semana.
    Andarilhar

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    1. Uma realidade que me entristece e me custa enfrentar, Francisco.
      Que baixaria o que está a acontecer! :(
      Aquele abraço

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  7. Vai desculpar-me o termo , mas vou resumir tudo quanto penso acerca disto : sacanice !

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  8. É uma realidade que deixa muito a desejar.. Há coisas que não compreendo e esta é uma delas!
    Beijinhos

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    1. Qualquer pessoa com um mínimo de dignidade não pode compreender esta trafulhice, Chic'Ana.
      Beijinhos

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  9. Concordo inteiramente com o que nos comunica
    nesta excelente crónica, Pedro.
    Beijinhos.
    ~~~~~

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  10. Em breve vamos ter o buda socialista alemão a governar a Europa. Ele não vai fazer uma política reles, mas sim, uma política muitíssimo estúpida e sem qualquer credibilidade.

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    1. O Mundo não está só perigoso - está perigoso, doido varrido, estrupido e irritante.

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    2. O iPad, que corrige tudo, mesmo o que a gente não quer, não corrige estrupido, que foi o que eu por lapso escrevi??

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    3. Compreendo, Pedro. Eu não tenho IPad, mas a minha tablet faz o mesmo.

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  11. «ONU a caminho do descrédito total?»
    Verdade, Pedro, e em passo acelerado.
    O que faz, de há uns tempos a esta parte, essa Organização? Ela mexe? Alguém a valoriza?
    Um abraço

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    1. Só é valorizada como instrumento de estratégia política, António.
      E não foi para isso que foi concebida.
      Aquele abraço

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  12. É pouco mais do que um "teatro de influencias", a Democracia foi substituída por "troca de favores", tudo o que interessa é a manutenção do poder ou a luta pelo mesmo.
    Abraço

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    1. Onde é que eu assino o seu comentário, Abelharuco?
      Um abraço

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  13. A ideia que sempre tive da ONU ( estive lá, na ONU, há dez anos, gostei do que vi, mais me conquistou pelo que ela representa),era de uma organização que me inspirava confiança e trabalhava em favor da paz e dos direitos humanos e tudo o mais, mas lendo este comentário do Pedro,
    "Se a ONU fosse o espaço de paz e harmonia que se sonhou.
    Dentro de um ninho de víboras, como é a actual ONU, um ser humano como Guterres, um humanista, terá muita dificuldade em sobreviver aos golpes baixos de reles politiqueiros.",
    estou sem palavras e cética quanto ao futuro dela.

    Beijinho

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    1. Do sonho à dura realidade foi um trambolhão que vai deixar muitas marcas e do qual vai ser muito difícil recuperar, cantinhodacasa.
      Que processo nojento este que está a ser levado a cabo na sucessão de Ban Ki-moon!
      Beijinhos

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    2. O Gueterres também não sobriveu em PORTUGAL, por isso se pôs ao fresco...

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    3. Ele é demasiado bonacheirão para lidar com escumalha politiqueira, Teresa.
      Está a acontecer isso novamente.

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    4. Quem não tem tomates para lidar com a escumalha politiqueira, fica em casa a coser meias.

      Abraço cristalino, mas não georgievo.

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    5. Eu até prefiro essas pessoas, Teresa.
      Estou farto de politiquice e de politiqueiros.
      Um abraço macaense

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  14. O maior problema nem será o descrédito da ONU, mas o caminho onde pode levar esse descrédito. Quem dará importância a uma organização manipulada por um país que já provocou duas guerras mundiais?

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    1. Se já lhe é dada pouca importância, com este caminho errático arrisca-se a, no futuro, não ter importância nenhuma, Carlos.
      E este é um caso de típico de quem cava a própria sepultura.

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  15. Caro Coimbramigo

    Sabes como eu gosto de chamar os bois pelos nomes... É uma filha da putice internacional!!!... E discordo frontal e TOTALMENTE da Ematejoca. Pronto. Ponto.

    Bjs e qjs às tuas mininas e abç para tu Henrique, o Leãozão

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    1. Um filha da putice cometida num Organização que devia ser um símbolo de harmonia e paz, FerreirAmigo.
      Faz perder a esperança num futuro melhor, porra! :(
      Um abraço para ti, beijinhos para a Raquel

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  16. A política nunca foi, e jamais será kristalina.(ponto).

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  17. Subscrevo integralmente e sem reservas. Com tanta falta de ética e com tantos imbecis à solta, este Planeta Azul começa a ser um local perigoso para se viver. Vou partilhar.

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    1. Um golpada inqulificável Corvo Negro.
      Se mais não fosse, até por se manter à margem desta sujeira e se apresentar de cara limpa, António Guterres merecia a eleição.

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