Campeão sensaborão

Já não é notícia, já não é novidade - o Porto é campeão nacional na época 2011/2012.

Com muito pouco brilho, com algum mérito (um campeão tem sempre mérito) mas, sobretudo, à custa de (muito) demérito alheio.

Um Porto muito mais inseguro e instável do que é habitual, com um treinador fraco, com jogadores algo desmotivados e com a cabeça noutras paragens (Rolando, Álvaro Pereira, Belluschi, Guarin,....), orfão de um número 9 de qualidade (Kléber foi uma completa desilusão; Janko ainda não convenceu), com jovens que se esperava que explodissem mas que ficaram na sombra (Danilo, por lesão, Alex Sandro, Iturbe, o próprio James), com problemas internos (o "Cebola" foi o mais visível),  o Porto conseguiu ser campeão porque os adversários conseguiram ser ainda mais débeis.

Começando pelo Sporting.

Investimento avultado, uma nova equipa, um novo treinador, vícios antigos.

Há ali muitos jogadores que não têm a qualidade que se esperava, que não têm maturidade, capacidade competitiva.

Para agravar, Domingos, visto por alguns sectores como um portista infiltrado, por outros como grande esperança, cometeu erros primários.

Apontar constantemente os jogadores como culpados nos momentos maus, foi o passo decisivo para Domingos perder o balneário, irritar as bancadas, fazer perder a paciência à direcção.

Percebendo estes erros, Sá Pinto tem tido a postura oposta.

E a equipa cresceu imenso sob o seu comando.

Que se deverá prolongar para a próxima época.

Se o Sporting não perder no Dragão, e tendo que receber o Braga na última jornada, o terceiro lugar, impensável há bem pouco tempo, ainda é possível.

Muito complicado, mas possível.

Até porque o Braga deu um tombo imenso quando foi preciso gritar  presente.

Se ainda se sonhou com o título no Minho, e até pareceu possível, depois da derrota na Luz tem sido o descalabro total.

No momento da definição, e perante o primeiro desaire, a equipa desmoronou.

Ainda falta muito a este Braga se quiser ser campeão.

Acima de tudo, o controlo da ansidade nos momentos decisivos.

Essencial a quem quer ser campeão.

Algo que voltou a faltar ao Benfica de Jorge Jesus.

Se dúvidas ainda subsistissem (subsistiam?), este ano teriam ficado dissipadas - Jorge Jesus não sabe gerir o que se designa por microciclos.

E esgota a equipa, física e psicologicamente, antes dos momentos decisivos.

Mais, olha-se para a equipa e fica sempre a sensação que não há um plano alternativo, que há quase uma tentação mórbida pelo suicídio.

Agravada com aquele jeito frenético de Jorge Jesus.
Que se transmite à equipa.

Funciona nos momentos de menor ansiedade; é letal quando a ansiedade aperta.

Assente numa estrutura sólida, que só o Braga de algum modo acompanha, o Porto aproveitou estas debilidades alheias para, mesmo com debilidades próprias, e foram muitas, se tornar bicampeão.

Assente na solidez da estrutura, e na qualidade do plantel (quantos jogadores dos outros clubes entravam no onze do Porto? Maxi e Cardozo/Lima(?)/ Van Wolfsvinkel(?)), Vítor Pereira, muito provavelmente o pior treinador do Porto depois de Octávio, consegue ser campeão no ano de estreia na divisão principal.

Não há muito como como fugir a factos.

Como bem lembrava hoje Fernando, o "Polvo", o Porto, em 67 jogos para a Liga, nestas duas épocas, perdeu.......um!!
Em Barcelos, com o Gil Vicente.
E continua a ter o melhor ataque (62 golos, a par com o Benfica), a melhor defesa (17 golos sofridos).

Fala-se muito em erros de arbitragem.

Houve erros de arbitragem?

Claro que houve.

Haverá sempre.

O mais mediático, o célebre fora de jogo da Luz.

Foram intencionais?

Quem quiser acreditar nisso......

Foi por aí que se decidiu o título?

Quem quiser acreditar nisso....

Sem brilho, aproveitando os erros alheios, o Porto é bicampeão.

Mas há muito que mudar no defeso.

Nos outros clubes, no Dragão também.

Até porque é fácil prever que vão sair alguns jogadores influentes, sobretudo aquele que vem sendo o melhor e mais decisivo jogador da Liga - Hulk, pois claro.