As Linhas que nos cosem
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O Chefe do Executivo está hoje na Assembleia Legislativa a responder às peguntas colocadas pelos deputados.
Isto depois de, ontem, ter apresentado no plenário as Linhas de Acção Governativa (LAG) para o ano de 2011.
As quais, confesso, me deixaram uma sensação muito semelhante à que foi transmitida por aquele que considero o melhor analista político de Macau - Larry So.
As Linhas de Acção Governativa não reflectem um desígnio, uma visão de futuro para Macau.
O que não deixa de ser sobejamente curioso.
Sobretudo porquanto representa o oposto do que se passa na Mãe Pátria com os planos quinquenais do governo central.
O que ontem ouvi foi um conjunto avulso de medidas, que respondem a preocupações pontuais transmitidas pela população.
Como se o Chefe do Executivo, e a sua equipa, fossem fazendo anotações num bloco de apontamentos para depois darem respostas pontuais a cada uma dessas anotações.
Sem visão prospectiva, sem horizontes, com grande ênfase na conjuntura e pouca, ou nula, preocupação estrutural.
Com esta atitude, o Chefe do Executivo comportou-se como um Secretário.
E, como tal, retirou espaço de manobra aos Secretários.
Quando estes se deslocarem à Assembleia, que medidas poderão anunciar que não tenham sido já anunciadas pelo Chefe do Executivo?
De um Chefe do Executivo espera-se liderança, definição de políticas, apresentação de linhas gerais relacionadas com essas opções políticas.
As medidas concretas para implementar essas opções, essas devem ser deixadas para os Secretários.
2
Também no rescaldo da apresentação das LAG, reforçei a impressão que já venho sentindo há algum tempo.
Pereira Coutinho está a pisar terreno minado.
Terreno que não é o seu.
Refiro-me concretamente à preocupação que o deputado vem manifestando com a reforma do sistema político.
Esse tema é o tema de eleição do grupo dos chamados democratas.
E de Agnes Lam.
Pereira Coutinho tem a sua base de apoio eleitoral no seio do funcionalismo público.
E nos temas que são mais caros aos funcionários públicos.
Insistindo no tema reforma do sistema político, Pereira Coutinho está a invadir a coutada de outros caçadores.
E a deixar desguarnecida a sua quinta.
Posso estar enganado, mas começo a sentir que há já alguma caça em fuga para outras paragens.
3
Finalmente, e já comentei isto com amigos, e noutros espacos na blogosfera, fiquei agora ciente que estamos efectivamente em presença de um governo científico.
Nada dado a superstições.
Bastante diferente, neste particular, do anterior.
Se bem se lembram, Edmundo Ho apresentou como argumento para atribuir seis mil patacas como valor da compensação pecuniária, o facto de oito ser muito elevado, e sete ser um número pouco simpático, feio.
Chui Sai On não se preocupou nada com estes detalhes.
Sá assim se podem explicar os números escolhidos - quatro mil (4) e duas mil e quatrocentas patacas (24), respectivamente.
Pior que estes....
Ou é científico, ou há aqui alguma influência de Xangai ( por causa da Expo?) onde o quatro é um número muito desejado.
Fora de contexto: há um prémio no «BC» para este blogue. Parabéns!
ResponderEliminarFico muito contente e sensibilizado com a distinção.
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