Primeiro passo em Hong Kong


No mesmo dia em que se ficou a conhecer o conteúdo absolutamente deplorável de uma entrevista dada pelo Chefe do Executivo de Hong Kong a órgãos de comunicação social americanos, representantes da Federação de Estudantes de Hong Kong e do Executivo reuniam-se para discutir "questões de reforma constitucional"(sic).
Num frente a frente muito mediático, as duas partes em diálogo expuseram abertamente as suas pretensões e as suas limitações.
Os representantes do Executivo de Hong Kong deixaram bem claro que têm um espaço de manobra muito limitado (a decisão de Pequim não pode ser contrariada) mas demonstraram abertura para, sempre com o acordo das autoridades centrais, às quais vai ser entregue um relatório circunstanciado dos acontecimentos em Hong Kong e das reivindicações dos manifestantes, poder vir a ser implementada alguma alteração ao quadro eleitoral em vigor.
Reformas constitucionais mais profundas, mais uma vez com a necessária concordância de Pequim, só poderão vir a ser implementadas a partir de 2022.
Até lá o diálogo entre as duas partes vai continuar na busca de pontos de acordo.
Se é verdade que esta abertura dos representantes do Executivo fica aquém das reivindicações dos manifestantes, estes próprios já terão percebido que não podem conseguir imediatamente a utopia.
Mas conseguiram uma grande vitória - ver um conjunto de garotos com borbulhas na cara (David) fazer sentar à mesma mesa o Executivo de Hong Kong, apoiado por Pequim (Golias), para discutir aquilo que Pequim julgava indiscutível, é indubitavelmente um momento histórico na vida de Hong Kong e da própria China.
A sabedoria oriental ensina-nos que toda a grande caminhada começa com um pequeno passo.
Na grande caminhada para a reforma do sistema político chinês o primeiro pequeno passo pode muito bem ter sido dado ontem ao fim do dia em Hong Kong.

Comentários

  1. É verdade que toda a grande caminhada começa com um pequeno passo.
    Não sei, mas por cá, esta notícias ficam-se por breves resumos noticiosos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Depois do que tem acontecido ultimamente, e da capacidade reivindicativa dos manifestantes, Hong Kong não voltará a ser igual, luís.
      E é muito provável que haja reflexos dessa realidade na própria China.
      Não será de hoje para amanhã, mas o processo acredito que seja irreversível.

      Eliminar
  2. Caro Amigo Pedro Coimbra!
    A imprensa do lado de cá dos oceanos que nos separam deu grande destaque as manifestações ocorridas em Hong Kong.
    Caloroso abraço! Saudações reivindicatórias!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Um pouco por todo o lado aconteceu algo de semelhante, Amigo João Paulo de Oliveira.
      Não é todos os dias que se vê uma série de pessoas, algumas das quais muito jovens, bater o pé à toda poderosa China.
      E obrigar esse gigante, ainda que indirectamente (através do Executivo de Hong Kong) a sentar-se à mesa das negociações para discutir o presente e o futuro de Hong Kong.
      E também da China.
      Grande abraço

      Eliminar
  3. O caminho faz-se caminhando, Pedro.

    Aquele Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ricardo,
      Estava combinado com a Rosa dos Ventos? :))))
      Aquele abraço

      Eliminar
  4. O caminho faz-se caminhando...mesmo que seja devagar!

    Abraço

    ResponderEliminar
  5. "A caminha de seis mil passos, começa com o primeiro"....mas só iniciar-se em 2022?

    Tudo de bom.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Acredito que, antes disso, possa haver algumas concessões, São
      Nomeadamente a nível da composição da comissão que escolhe os candidatos
      Terá que haver algumas concessões dos dois lados para se chegar a algum resultado positivo
      Mas é impressionante a forma como estes garotos expõem os seus pontos de vista e a força que demonstram perante os governos de Hong Kong e da China
      Tudo de bom também para si

      Eliminar
  6. As coisa são difícil de ser consegui mas tem que se lutar para ter melhores dias futuros. E os jovens tem coragem e energia, são eles que mudam o mundo.
    Por aqui a coisa ta feia, nossos jovens se corrompem facilmente com o poder.
    Tenha uma ótima semana.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Anajá,
      Eu admiro estes garotos.
      Têm um discurso coerente, postura, convicções.
      E têm uma coragem imensa.
      Votos de uma óptima semana para si também

      Eliminar
  7. Os jovens e não só na China , mas em todo o mundo, têm todo o direito de se revoltarem porque estão a destruir o seu futuro.
    Eles são a nossa esperança para que algo mude pois como está não pode continuar.

    "A persistência realiza o impossível."
    Provérbio Chinês

    beijinho

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Este é um fenómeno que é assustador para as autoridades chinesas, Fê.
      Porque os garotos não são uns tontinhos.
      São jovens bem formados, com ideias muito concretas acerca do que querem e de como lá chegar.
      Admiro-os, muito sinceramente admiro-os.
      Beijinho

      Eliminar
  8. Pedro,
    O que interessa é que se está a caminhar... o ritmo irá sendo ajustado com as vitórias.
    Beijinho. :))

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. As alterações que irão acontecer também não se vão verificar de um dia para o outro, ana.
      Mas, só o facto de se estar a discutir, de não se aceitar tudo o que nos é posto à frente, é já muito importante.
      Beijinho

      Eliminar
  9. A semente está em germinação. O tempo que demorará a eclodir, para ser visível luz do dia. Não adianta grandes quadros, agitar, estrebuchar para consumo dos media.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Vai demorar, Agostinho
      Mas o caminho está iniciado
      E espero que seja um caminho em frente.
      Liderado por jovens corajosos, ambiciosos, lúcidos

      Eliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares