Pequim mostra as garras
Quem vive na zona do Delta do Rio das Pérolas ouve frequentemente a palavra “harmonia”.
Não no sentido de uma bela partitura musical, antes no sentido confucionista de convergência, equilíbrio, paz social.
Um slogan que ocupa muito do léxico político chinês e que é repetido à exaustão localmente.
Um slogan que pode fazer parte do léxico político mas que está cada vez mais arredado da prática política em Hong Kong.
Pequim, claramente farta e irritada com as constantes diatribes dos honkongers, demonstra que a paciência se esgotou e que agora é tempo de mostrar as garras do País ao segundo sistema.
Demonstrações claras desse sentimento passam pelo reforço da chamada educação patriótica, por episódios públicos recentes muito mal explicados, por queixas de restrições à liberdade de imprensa, uma lista que se vai adensando.
O último episódio, a última exibição pública das garras de Pequim, a substituição do canal radiofónico BBC World Service, a emitir em Hong Kong desde 1978, pela emissora estatal chinesa.
Num ápice, as antenas da RTHK (Radio Television Hong Kong), em processo de reestruturação, calaram parcialmente o inglês da BBC e passaram a emitir no mandarim da emissora estatal chinesa.
O primeiro sistema, o País, mostra aos residentes de Hong Kong que tem que estar sempre primeiro que o segundo sistema na fórmula “um país, dois sistemas”.
Já se sabia que era assim.
Na própria formulação do principio (nada é deixado ao acaso…), nas negociações que deram origem às duas regiões administrativas especiais, nos tratados, nas próprias leis constitucionais de Hong Kong e Macau.
O que não se pensava é que essa intervenção do primeiro no segundo sistema se fizesse sentir tão rapidamente (os cinquenta anos, sempre os cinquenta anos de período de transição) e de forma tão bruta e rude.
Pequim, que frequentemente aparece associada a paciência infinita (bem ou mal é outra questão), já perdeu essa hipotética virtude com Hong Kong.
E demonstra-o nas palavras e nos actos.
Com dureza e aspereza crescentes.
Tudo sob o olhar atento de outros possíveis intervenientes numa experiência política única a nível mundial e de uma comunidade internacional até à data pouco mais que apática.
Não me admira. O grande Dragão não dorme, apesar de parecer em relação à politica do seu vizinho.
ResponderEliminarAbraço
Até em relação ao vizinho está bem acordado, Elvira Carvalho.
EliminarNão quer dar sinal de vida, que é coisa bem diferente.
A Elvira tem toda a razão o Grande Dragão não dorme e está a mostrar as suas garras.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
O Grande Dragão está fartinho dos problemas que Hong Kong lhe dá, Francisco. E está a cuspir fogo.
EliminarAquele abraço
Trata-se de assunto delicado. Será difícil que Pequim dê corda a Hong Kong até que se perca a unidade. Parece-me que irá tratando do problema com panos de lã até "integrar" Taiwan. Se possível...
ResponderEliminarAbraço.
Cada vez mais essa hipótese se vai esfumando, Agostinho.
EliminarSe Taiwan sempre olhou para Pequim com MUITA desconfiança, com o que está a acontecer em Hong Kong o afastamento é cada vez maior.
Aquele abraço
Situation sounds quite dramatic through your post Pedro though my knowledge is little about matter .
ResponderEliminareach change has long deep story behind it and there is no coincidence in this world specially the world of POLITICS
Hong Kong and Beijing have a hard time getting along, baili.
EliminarAnd it doesn't get any better.
Oi! Voltei! Tem post novo lá :)
ResponderEliminarBlog: O Planeta Alternativo
Amanhã eu vejo, Walter Segundo
EliminarE com Macau como será ?
ResponderEliminarAbraço atlântico.
Macau é o filho pródigo é bem comportado, João Manéres.
EliminarComo Pequim não se cansa de repetir.
Aquele abraço
A paciência chinesa durou 50 anos? Nada mau, ainda que a medida, na minha opinião, seja provinciana e mesquinha.
ResponderEliminarBom resto de semana, caro Pedro.
Abraço.
Não, Jaime Portela, cinquenta anos é o período de transição nas duas regiões administrativas especiais (2047 em Hong Kong, 2049 em Macau).
EliminarAquele abraço, bfds
Em Macau ainda se canta fado, Pedro ?
ResponderEliminarvi que se canta fado em Goa !
Há sessões de fado com regularidade na Portugália, Angela.
EliminarEssa tradição ainda persiste.
Regimes como o Chinês dificilmente deixam grande margem a derivações face a si mesmos, por mais que convenientemente se proclamem dois sistemas. Quanto à comunidade internacional, esta parece cada vez mais enfraquecida e residual, e se com relação a colossos como a China nem se fala!
ResponderEliminarA ver o que reserva o futuro!!!
Abraço
As vozes de protesto que se ouvem são quase sempre as mesmas, Victor Barão.
EliminarAquele abraço
Bfds, Néqueren Reis.
ResponderEliminarSe me for permitido secundo as palavras de Vítor Barão.
ResponderEliminarA comunidade internacional não age segundo critério igual.Veja-se , só para exemplificar, o caso de Israel e da sua agressão aos palestinianos desrespeitando ao longo de décadas todas as resoluções da ONU .
Tudo de bom
A comunidade internacional é uma falácia, São.
EliminarAs vozes que apontam os problemas que existem em Hong Kong são quase sempre as mesmas.
E falam isoladamente o que as descredibiliza por completo.
Tudo de bom
Eu, que vivo um pouco desligada dessas questões internacionais, gosto de ler as palavras do Pedro, sempre assertivas.
ResponderEliminarHong Kong está virada de pernas para o ar, Briseis.
EliminarPequim tem razão para se irritar.
Dar os parabéns a uma governante ligada ao sector da Educação cujo filho de vinte e poucos anos se suicidou???
Tudo porque estão irritados com a implementação da chamada educação patriótica?
Estes gajos são parvos e estúpidos!
Estou como a Brisies, gosto de ler o que aqui escreve sobre o oriente.
ResponderEliminarSão uns bons devaneios, Pedro.
Beijinho e bom fim-de-semana.
Só entre nós, Maria Araújo - de Pequim todos sabemos o que esperar.
EliminarSão assim e não querem mudar.
A rapaziada aqui ao lado em Hong Kong está cada vez mais idiota.
Acham que liberdade é dizer e fazer o que nos apetece.
Esquecendo leis, respeito, decência.
Está cada vez mais complicada a relação entre o País e o segundo sistema.
Beijinhos, Bfds