Se Camões fosse vivo escreveria assim


       

I

As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo o que lhes dá na real gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se do quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!

    II

E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!

       III

Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.

         IV

E vós, ninfas do Coura onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!

    Luiz Vaz Sem Tostões

Comentários

  1. Caro confrade Pedro Coimbra!
    Qualquer semelhança com o que ocorre aqui não terá sido mera coincidência...
    O que nos espera?!...
    Caloroso abraço! Saudações desalentadas.
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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  2. Com o que ocorre no Brasil, em Macau, em tantos locais, caro Prof. João Paulo de Oliveira.
    O que nos espera?
    Pelo menos, denunciar estas situações.
    Aquele abraço

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  3. Estimado Amigo Pedro Coimbra,
    Os meus parabéns ao Luiís Vaz Sem Tostões, adorei. mas a vida continua com os Lusíadas na mão e o governo a roubar e o povo sem tostão.
    Abraço amigo

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  4. O Luís Vaz Sem Tostões é muito mais directo que o outro Luís Vaz, Amigo Cambeta!
    Aquele abraço

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  5. E real, Catarina.
    Criatividade sem fugir à realidade.
    Algo muito complicado :)))

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