O 25 de Abril ainda não chegou ao Instituto Cultural de Macau


Comemora-se hoje o 43º aniversário da chamada "revolução dos cravos", o momento que devolveu a liberdade aos portugueses e que permitiu que hoje se viva em democracia e paz social.
Fernando Savater ensina-nos que "do que se trata é de levarmos a sério a liberdade, ou seja, de sermos responsáveis" e que "o que há de sério na liberdade é que ela tem efeitos indubitáveis, que não se podem apagar quando isso nos convém, uma vez que tenham sido produzidos".
Ouvindo ontem a conferência de imprensa do presidente do Instituto Cultural de Macau fiquei com a nítida sensação que o 25 de Abril só em parte entrou naquela instituição.
Livre para dizer o que quer, o presidente do Instituto Cultural mostrou que não sabe fazer uso dessa liberdade.
Simplesmente porque não entende a necessária dimensão de responsabilidade que a mesma implica.
Apontar o dedo ao anterior titular do cargo, já aposentado, responsabilizando-o isoladamente pela existência de problemas de todos conhecidos, é uma atitude irresponsável e inadmissível.
O actual titular do cargo era o número dois de uma equipa que tem que celebrar êxitos e assumir falhas como um todo.
Empurrar responsabilidades para o seu antecessor, pondo-se à margem de um processo polémico quando era o vice-presidente da instituição à época, faz perceber que a mentalidade de quintas e quintais murados (os muros, sempre os muros...) continua a afectar muitos sectores da Administração em Macau.
Bem pode o Chefe do Executivo falar em responsabilização de dirigentes e chefias.
Com exemplos destes a credibilidade do discurso político é muito mais afectada do que por uma série de contratações efectuadas sem que fossem cumpridas todas as formalidades legais.

Comentários

  1. Como podem existir bons e credíveis discursos políticos, se os políticos não são eles próprios competentes e credíveis?
    Um abraço

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    1. A conferência de imprensa de ontem parecia surreal, Elvira Carvalho.
      Apontar o dedo ao antecessor quando este nem sequer está presente para se defender das acusações?
      Que coisa feia!
      Um abraço

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  2. Concordo consigo, Pedro.
    Além de deselegante, é uma falta de ética crassa...
    Beijinhos.
    ~~~~

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    1. Eu tive que confirmar hoje, Majo.
      Porque até parecia mentira o que estava a ouvir.
      Será mais um erro de tradução?
      Não era.
      Beijinhos

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  3. O verdadeiro espírito do 25 de Abril também ainda não chegou a Portugal.

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    1. Nomeadamente nesta vertente da responsabilidade, Teresa.
      Nisso tenho que concordar.

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  4. Eu podia até dizer uma frase bem brejeira, mas contenho-me.
    Liberdade ou liberdades é para mim, para os outros é somente meia liberdade mesmo que eu seja defensor da Liberdade
    Kis ,:=}

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    1. Esta gente recusa perceber que liberdade e responsabilidade têm que andar de mãos dadas, AvoGi.
      Enquanto assim for vamos assistir a mais episódios tristes como este.
      Bjs

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  5. Caro Amigo Pedro Coimbra.
    É intrigante um membro de alto cargo da gestão anterior e atual gestor-mor, creditar todas as mazelas que afetam a Instituição ao gestor anterior.
    Arregace as mangas e labore.
    Caloroso abraço. Saudações empenhadas.
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira​
    Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.

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    1. Pois é isso mesmo que se lhe pede, e é para isso mesmo que é muito bem remunerado, Amigo João Paulo de Oliveira.
      Mas apontar para o lado é sempre muito mais fácil.
      Aquele abraço

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  6. Há uma luz que refulge, sulcando as trevas
    Há um gesto que renasce, fazendo o dia
    Há um canto que se ouve, quase em murmúrio
    Há um despontar de vozes, quase melodia.

    Um abraço, Pedro :)

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    1. A melodia de ontem estava muito desafinada, AC.

      Bela celebração do 25 de Abril.

      Aquele abraço

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  7. Há locais onde o 25 Abril não chegou, outros onde 'chegou, viu e não gostou'.
    A cada ano que passa sinto-me desiludir.

    Um abraço, Pedro.

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    1. Ainda há muita coisa que foi prometida e que ficou por fazer, António.
      Aquele abraço

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  8. Realmente, que falta de espírito de equipa!!

    Abril, sempre !

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    1. Que falta de chá, São.
      E que demonstração eloquente de falta de capacidade para ocupar aquele cargo.

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  9. Só por aí? E por cá? Pois enganem-me que eu gosto...ó se gosto...vai tudo à frente!

    Já agora para muitos a liberdade tornou-se em libertinagem.

    Beijos

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    1. Está aqui um bom exemplo, Fatyly - quando não há responsabilidade é libertinagem, não é liberdade.
      Beijos

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  10. Não me surpreende não ter chegado até Macau, se a cada dia me convenço mais que ainda não chegou na totalidade cá.

    Desculpe Pedro, continuo sem tempo para poder acompanhar os blogues.

    Um beijinho.

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    1. Não peça desculpa, Adélia.
      Leve o tempo que for preciso.
      Não há pressa.
      Beijinhos

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  11. Oi, agradeço mais uma vez sua visita lá! Te espero ;)

    O Planeta Alternativo

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  12. De facto.... ainda há muito para ser feito no que toca a mudança de mentalidades e de aprendizagem da cidadania...

    Beijinhos de Abril.

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    1. Nisso acho que estamos todos de acordo, Graça.
      E não é só em Portugal.
      Beijinhos

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  13. Desculpem lá mas o verdadeiro "espírito do 25 de Abril" foi uma "quartelada" para impedir que os oficiais milicianos pudessem ascender com igualdade de direitos e de antiguidades ás promoções em igualdade com os oficiais oriundos da Academia Militar. Este era o verdadeiro espírito! O resto são elocubrações mentais, mais ou menos fantasiosas, com pitadas de marxismo, com arremedos democráticos e muita muita vontade e sede de ir ao pote, (concretamente banquetearem-se na mesa do orçamento do estado, e liberdade para sugar através de impostos e coimas o 3º estado, que trabalha e produz riqueza). Esta é a minha opinião sobre o espírito do dito 25 A. Que o vivi como universitário há 43 anos tendo eu nesse tempo 22

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    1. Se procurar aqui pelo blogue irá perceber que o 25 de Abril me traz memórias dolorosas, álvaro silva.
      Nem tudo foram cravos.
      Mas, ainda assim, valeu a pena e não se pode comparar o país que tivemos a partir de então com o panorama cinzento, pobre, atrasado, fechado, que havia anteriormente.

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