O Estado da Nação


A semana acabou com o que devia ser um debate acerca do Estado da Nação.
A conclusão a tirar é muito simples - a Nação perde tempo com fait divers e deixa na sombra o essencial.
À entrada para a Assembleia da República, a Ministra da Saúde e o Ministro da Educação pensariam que os esperavam horas difíceis.
O Primeiro Ministro, o líder do Governo, obviamente também.
No final, todos terão suspirado de alívio.
Porque não se discutiu a razão para as parturientes andarem a ser passeadas de ambulância e helicóptero até perderem os seus bebés.
Também não se discutiu a razão para alunos e pais terem ficado dois dias a roer as unhas sem saber os resultados dos exames.
Discutiu-se o frouxo que um chamou ao outro; o fanfarrão que o outro chamou ao primeiro; o árbitro que deixa chamar frouxo mas não deixa chamar fanfarrão.
E a discussão alastrou ao espaço público.
As grávidas que se deslocarem amanhã ao hospital mais próximo não terão ficado com qualquer garantia de dar à luz os seus filhos em condições de segurança.
Mas isso pelos vistos é secundário.
A linguagem e o jogo político são mais importantes. 
E é este o triste Estado da Nação.

Comentários

  1. E pensava eu que, desta vez, digo, novo governo, os assuntos fulcrais que nos afectam, iriam ser tratados com
    seriedade.
    Estamos tritos

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  2. Muito triste mesmo!
    Fala-se da baixa demografia, mas fecham-se as urgências de obstetrícia e pediatria aos fins de semana, com resultados entre o trágico e o caricato.
    Na Educação limpam do programa da Cidadania a educação reprodutiva e sexual, por ser desconfortável para algumas famílias.
    E passaram o tempo a discutir a semântica das palavras com um Aguiar-Branco cada vez mais negro.

    Abraço

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    1. O Aguiar-Branco perdeu uma óptima oportunidade para estar calado.
      Abraço

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  3. Subscrevo e foi uma vergonha que nunca vi sem pensarem nos que mais precisam. Para disfarçar e ou fugirem dão os bombons envenenados como a baixa do IRS mas não falam que para ano vão retirar. Enfim vamos de mal a pior!
    Beijos e um bom dia

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    1. O deputado do PS disse ter vergonha do Presidente da Assembleia da República.
      Eu tenho vergonha do que ali (não) fazem.
      Beijos

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  4. A Assembleia da República , neste pseudo debate , mostrou bem a decadência em que o país se encontra.

    Infelizmente, o cerne da vida das pessoas , isto é, condições de vida digna, foi totalmente ignorado.

    Porém, os portugueses deram a maioria à Direita , mesmo com os problemas de Montenegro ( reforçaram-lhe a maioria) e os escândalos do chega ( subiu para sessenta deputados) e outros nem ao trabalho se deram de votar.

    Deixe-me ser muito fria : tudo o que acontecer é mais da responsabilidade da sociedade civil do que dos políticos. Só lamento o futuro que as gerações mais novas enfrentarão sem estarem preparadas para isso tanto a nível nacional como internacional. Irão ter que aprender por si e lutar.

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    1. As escolhas das pessoas são muitas vezes surpreendentes, São.
      Olhe o loirinho.
      Ele foi escolhido.
      Duas vezes!!

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  5. Também não se discutiu a razão de ser de um governo que não presta e continua a assobiar para o lado.
    Abraço

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    1. Só se falou do que se pode ou não chamar ao adversário, António.
      Fiquei muito esclarecido.
      Abraço

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  6. É assim que eles gastam o dinheiro em vez de o utilizarem em benefício do povo.

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  7. Não percebo esta posta, o Parlamento funcionou sempre assim. Dos corninhos do Manuel Pinho ao "eu sei que dói, ponha manteiga" do Pita Ameixa, aquilo nunca foi um lugar onde a prioridade fosse resolver os problemas das pessoas.

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    1. Aliás, para quem já não se lembre:

      https://www.youtube.com/watch?v=IwPIN8XHhx0

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    2. Uma tristeza, Afonso de Portugal.
      Eu sou da velha guarda.
      O Parlamento, na minha visão, deveria ser um exemplo.
      Até na linguagem e no discurso.
      Espaço de tribunos, de senadores.
      Onde andam?

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