O conservadorismo do voto de Macau

 

Eleições legislativas concluídas, há dados objectivos que são fáceis observar.

Altíssima taxa de abstenção, votos brancos e nulos.

Recordes infelizes no pós-1999.

Pode-se sempre especular com os números (Desinteresse? Protesto? Pandemia?).

Mas a Matemática continua a ser uma ciência exacta.

E essa diz-nos que se bateram recordes negativos na taxa de abstenção e de votos brancos e nulos.

E diz-nos que os grandes vencedores das eleições foram novamente os elementos da Associação dos Cidadão Unidos de Macau, que voltam a eleger três deputados.

E a grande derrotada, Agnes Lam, que falha a reeleição.

Macau continua a ser muito conservadora na hora de votar.

O voto étnico e regional (comunidades de Fujian e Guangdong) é ainda predominante, fenómeno que está umbilicalmente ligado às transformações demográficas dos últimos anos.

E as associações tradicionais (Moradores, Operários, Mulheres) continuam a mostrar a sua resiliência.

Pereira Coutinho é um fenómeno único.

Vai alargando a sua votação a cada eleição e é ele também um dos grandes vencedores da noite.

Dois deputados eleitos, uma voz activa, a única voz em Língua Portuguesa na Assembleia Legislativa.

Uma Assembleia que não vai contar com a rebeldia dos chamados pró-democratas.

Se dúvidas havia que Macau não gosta de alterações profundas, revoluções, aí estão os mais recentes resultados eleitorais a prová-lo.