Adoro o pensamento crítico com recurso a conceitos indeterminados





Adoro o pensamento crítico com recurso a conceitos indeterminados.
Confusos?
Quem é que não ouviu criticar “este país”?
Tipo, este país está uma desgraça, uma miséria.
De quem é a culpa?
Os culpados são “eles”, “eles” é que mandam “nisto” e não sabem nadinha.
Às vezes, num assomo de densificação de conceitos, ainda se concretiza a ideia.
“Eles” são “os políticos” ou o "governo".
Raciocínio absolutamente brilhante, abstracção levada ao extremo, resulta em qualquer país, com quaisquer políticos, quaisquer governos, em todos os cenários.
Precisamente porque pode perfeitamente preencher um discurso de horas sem dizer rigorosamente coisa nenhuma.
O que permite ainda que seja adoptado por todo o espectro político e em todos os actos eleitorais.
Evitando qualquer tentativa “deles” para, de alguma forma, censurarem esta liberdade de expressão.
“Eles” podem querer mandar “nisto” mas não sabem mesmo nadinha “disto”.
Se "nós" (plural majestático?) mandássemos "isto" ia ser muito diferente.
Mas como são sempre "eles" é sempre a mesma "coisa".
"Isto" assim não vai "a lado nenhum". 

Comentários

  1. O falar muito e não dizer nada é mesmo característica dos politicos... alguns dirão.
    E a que outras conclusões chegou afinal?... :)

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    1. Não são só os políticos, Catarina.
      Eu acho piada a este tipo de discurso.
      E não evito o riso quando acontece.

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  2. Respostas
    1. Este discurso é mesmo universal, Teresa.

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    2. Sem dúvida que é um discurso universal, Pedro, mas com a pandemia tornou-se insuportável 🤮

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  3. Uma crítica de críticas brilhante!
    Boa tarde, Pedro. Beijinhos
    ~~~~

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  4. Uma ótima reflexão. Mas será que nós o povo conseguimos realmente fazer alguma coisa?

    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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    1. Sem se tentar nunca se saberá.
      E temos a mais poderosa de todas as armas - o voto.

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  5. Criticar é sempre mais fácil do que fazer.

    Beijos

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    1. E este tipo de críticas não tem interessa nenhum, Manu.
      Beijos

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  6. Um tipo de discurso que me irrita e não leva a lado nenhum.
    Abraço

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  7. Bom, se os largarmos a "eles" da mão, teremos de escrever um livro sobre "nós" e ter por exemplo a mordacidade de um Eça ou coisa assim. Portanto, culpá-los, sempre é coisa de mais fácil alcance. Além disso, "eles" detêm o poder, fazem leis e desfazem - algumas para seu próprio contento -, é justo que seja deles que falamos. E, mesmo que "eles" sejam um nosso espelho, entre quem manda e quem obedece há repartir de responsabilidades, mas não são as mesmas.
    Talvez seja um discurso vazio, o que o povo chama "verbo de encher" (lembra -me logo, logo, o ministro da educação). Desopila, e só o 25 de Abril o tornou possível. Pode não apresentar soluções, mas mostra descontentamento.
    Bom dia, Pedro.

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    1. Pelo menos que tenha essa vantagem, bea.
      E que esse descontentamento chegue aos ouvidos "deles" :))

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  8. Magnífico, Pedro!!!
    Será que os fulanos não se dão conta que de discursos vazios está o povo cheio?
    Acompanhou-te na risota.
    "Isto" assim não vai "a lado nenhum". Muito bom!!!
    Beijo.

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  9. Grande parte do estado a que isto chegou é do povo. Primeiro porque somos nós que os elegemos. Ou que preferimos a diversão em vez da "chatice" de ir às urnas, e votar para pelo menos tentar que não "sejam sempre os mesmos" a governar. Também somos nós que fazemos os maus políticos. Porque antes de serem políticos percorreram um grande caminho e foram os pais e professores quem lhes formou a personalidade.
    Abraço e saúde

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    1. Mas pensar e dizer isso tudo custa muito, Elvira.
      E agir ainda mais.
      Abraço e saúde

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  10. Bom dia
    Acho que a maior parte de nós chegou a uma conclusão muto simples.
    Ninguém é culpado de nada , são sempre os outros os culpados .

    JR

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    1. Escovar responsabilidades é sempre muito cómodo, Joaquim Rosario

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  11. E por isso "é o país que temos " pois "os políticos são todos iguais, não há um que escape!" e "só querem encher os bolsos"...

    A desresponsabilização é uma praga que se tende a acentuar.

    Fala-se e critica-se como se a construção do país e a bom funcionamento das instituições não nos coubesse também .

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  12. Geralmente nestes discursos esquecemos sempre da palavra "nós".
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    Livros-Autografados

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  13. Há uns anos li escrito numa parede esta frase: "" Aceitam-se críticas de quem percebe, e não de quem saiba muito ""

    Uma frase antiga e tão atual
    .
    Cumprimentos
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. Eterna, Ryk@rdo.
      Tinha uma chefe que dizia que quando lhe apresentassem um problema queria que lhe dessem três possíveis soluções.
      A tarefa dela ela escolher uma, a melhor.
      Cumprimentos

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  14. Ai Pedro, eles não sabem nem sonham...

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  15. Verbalizar os pensamentos críticos, criticar 'estes' 'aqueles', os 'outros' e toda a gente, sem se dirigirem concretamente a ninguém nem a nada em especial, já é típico do crítico 'militante', como diria o Prefeito Odorico, o «Bem-Amado» Paulo Gracindo. :))

    Beijinhos.

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    1. Sim 'eles' , pelo menos, entram em muitas conversas. Ele é a meteorologia, ele é a covid 19, ele é o hospital, ele é o governo... Às vezes, tem a variante de 'elas', quando o universo é mais feminino, como é o caso de muitas escolas. Muitas pessoas, comigo incluída, deviam ser mais precisas quando falam. É que, se calhar, 'eles' até preferem assim.
      Abraço

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    2. Bendita aquela minha chefe.
      Não me façam perder tempo e energia só para me contarem o problema.
      Beijinhos às duas

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  16. Gostei de o ler! :)
    ~
    Beijo, e uma excelente tarde!

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  17. Os políticos estão para o povo. Como o povo está para os políticos. Os políticos não sabem discursar. O povo, também, só o que sabe dizer é que os políticos são todos iguais e pouco mais do que isso...

    Boa semana caro amigo Pedro. Um abraço.

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  18. Discordo. Os "políticos" e o "governo" não são conceitos indeterminados, tal como não é indeterminado o resultado prático das políticas que eles implementam. Aqueles que criticam José Sócrates, Passos Coelho, Marcelo Rebelo de Sousa ou António Costa, por exemplo, não estão a usar nenhum conceito indeterminado. Nem mesmo aqueles que se dirigem apenas ao "governo" o fazem. Desde que, evidentemente, se refiram a políticas ou acções concretas nas suas críticas, não apenas às pessoas.

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    1. O problema é que dizem a mesma coisa de todos os governos e de todos os políticos, Afonso de Portugal.
      E aí sim passam a ser conceitos indeterminados.

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