A MARCA CRISTÃ DA ESCOLA CATÓLICA (Frei Bento Domingues, O.P.)



A marca cristã de todas as Escolas Católicas deve ser esta: fazer do privilégio de acesso à cultura, média e superior, a missão de não deixar ninguém para trás. Sem esta marca cristã, a Escola Católica contribuirá para perpetuar a injustiça social em todas as suas manifestações.

1. Devido à pandemia, o começo do novo ano escolar não pode deixar de provocar ansiedade em todas as pessoas que estão envolvidas no processo educativo. As imensas dificuldades, o medo, as dúvidas e incertezas não são exclusivas das famílias, das escolas, dos governos. Já verificamos que o choque da Covid-19, de modos muito diversos, afecta toda a sociedade, em todas as suas expressões.
É uma banalidade dizer que a educação é um dos factos mais gerais e mais constantes da história do ser humano, que não é apenas natura, biologia, instinto, mas história cultural. Sem uma comunidade educativa, que o possa ajudar a desenvolver as suas capacidades criativas, o ser humano manter-se-ia perante os desafios da vida, apenas como o ser menos equipado do reino animal.
É pelos diversos processos educativos, das diferentes culturas, que ele acolheu e desenvolveu a capacidade de pensar, comunicar, sonhar, experimentar, realizar e fazer acontecer o novo, o futuro, seja no registo da esperança ou da utopia. Como escreveu Gaston Berger, tudo começa pela poesia, nada se faz sem a técnica.
Nas sociedades modernas, sem as ciências e as técnicas, sem os cuidados da saúde, sem novas formas de trabalho e sem a escola de realidades e ilusões, a vida humana parece inconcebível, embora seja a situação da maior parte da humanidade. Hoje, começamos a saber que, sem uma profunda conversão ecológica, o futuro está ameaçado.
A Covid-19 alastrou por todos os continentes. Quando poderemos dispor de vacina acessível a toda a gente de todos os países? Até lá, o sentido da cidadania deve começar – sempre que possível – pelos cuidados e pelas práticas recomendadas pelas autoridades sanitárias. Importa destacar: quem, podendo, não as segue, é louco. Nem o pânico nem o desleixo são boas companhias para este tempo.
     2. Nesse sentido, é desejável que a indispensável competição político partidária não esqueça que uma educação integral é um bem a promover por toda a sociedade. Exige, por isso, a procura de consensos, alimentados por diálogos vigorosos, em função de soluções possíveis, em cada situação e em cada momento. Importa, nesta hora difícil, vacinar-se contra as diversas tentativas apostadas em criar um clima social manipulado, de crispação crescente e generalizada. A maledicência é um vírus pior do que a Covid-19, disse o Papa Francisco.
A amizade civil, defendida por Tomás de Aquino, é compatível com caminhos diferentes para alcançar o bem comum, com a promoção de alternativas políticas, com o poder democrático de servir e que recusa as estratégias e tácticas fraudulentas de dominação.
Não digo que os recentes abaixo-assinados, em torno do direito à objecção de consciência dos pais que não queiram que os seus filhos frequentem as aulas de Educação para a Cidadania, sejam inteiramente inúteis. Não consegui, no entanto, descobrir a maldade que possa existir nas Linhas de Orientação para a Educação da Cidadania.
No âmbito da Educação intercultural, dada a crescente diversidade da sociedade portuguesa, veria com bons olhos não apenas a abordagem da liberdade religiosa, mas também uma apresentação do fenómeno do diálogo inter-religioso como contributo para a paz, a nível nacional e internacional. É desejável que a Educação para a Cidadania seja atribuída a pessoas competentes e disponíveis para o diálogo com toda a comunidade educativa.
O ser humano é sem definição. Transcende todas e cada uma das tentativas que dele procuram fazer um objecto de estudo. Diz-se que a sua verdade é filha do tempo, de sabedorias milenárias, da razão e da revelação, mas continua uma pergunta sem resposta: Donde vem? Para onde vai? Qual é o sentido da vida?
São igualmente repetidas as questões de I. Kant: Que posso saber? Que posso fazer? Que posso esperar? Que é o homem? Acrescentou: «No fundo, tudo isto pode ser posto à conta da antropologia uma vez que as três primeiras se referem à quarta». (...)

Comentários

  1. Pode ter toda a razão mas palavras leva-as o vento... e na prática muito mais teria de dizer porque sim, porque há o bom, mau e péssimo e não consigo atinar com "o venha a nós o vosso reino". Ainda falam de outras religiões? Enfim o COVID19 em muita coisa veio destapar as hipocrisias que graça em muitos seres humanos que se dizem tãooooooooo católicos e o Papa Francisco bem luta contra essa corrente.

    Beijocas

    Beijos

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    1. Frei Bento é um excelente discípulo de Francisco, Fatyly.
      Infelizmente são excepções.
      Beijos

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    2. Claro que sim mas muitos outros e até quem professa são o oposto. Por vezes pergunto a mim mesmo o que muita gentinha e até familiares fazem em ir à missa e papar a hóstia quando são tão hostis?
      Beijos

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  2. "O ser humano é sem definição. "
    Gosto de Frei Bento. Ainda não tinha lido esta crónica. Vou reler no papel para sublinhar e levar algumas pétalas para o Pétalas.
    Beijo.

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    1. Vale a pena.
      Até porque não está completa, aqui, teresa.
      Beijo

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