Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (APT)


O Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (APT), mais conhecido pelas suas siglas inglesas TTIP ou TAFTA (Transatlantic Trade and Investment Partnership e Trans-Atlantic Free Trade Agreement, respectivamente), será talvez o passo mais ousado no processo de remoção de barreiras na vertente comercial alguma vez tentado a nível mundial.
Um tratado de livre comércio entre União Europeia e Estados Unidos seria uma utopia de alguns visionários ainda há bem pouco tempo.
Da utopia à realidade, das intenções à sua formalização e implementação, iremos nos próximos anos assistir a uma verdadeira epopeia negocial entre os dois grandes blocos.
As negociações decorrem desde 2013, vão na sua décima terceira ronda, a informação acerca dos desenvolvimentos das mesmas é escassa e gerida com o máximo cuidado.
Apesar da pouca informação existente, o que se percebe claramente é que este possível acordo terá ainda um longo caminho a percorrer até poder ver a luz do dia.
As negociações são difíceis, complexas, duras.
Cenário agravado pelas imensa desconfiança e dúvidas que suscitam nas opiniões públicas dos dois blocos.
O papão da globalização assusta, faz temer a deslocalização de indústrias, o consequente desemprego, uma realidade bem diferente das promessas, a nível de segurança alimentar e ambiental, a nível do papel dos Estados, dos seus sistemas de Justiça, da sua soberania.
A previsão de crescimento económico em números brutais (130 biliões de euros na União Europeia, 90 biliões nos Estados Unidos, 100 biliões a nível mundial) não é suficiente para vencer as desconfianças que se acumulam com o carácter quase secreto que caracteriza o processo negocial.
Neste cenário só parece prudente apostar num processo negocial que se vai arrastar por um período de tempo muito longo.
Um período de tempo que ultrapassará largamente o mandato presidencial de Obama.
O mesmo Obama que sonhava concluir o tratado antes do final do seu mandato presidencial, não só por uma questão de brio e de vitória pessoal, mas como manifestação de um claro receio acerca do futuro do mesmo nas mãos de um governo liderado pelos tiques nacionalistas de Donald Trump.

Comentários

  1. Sinceramente tudo isto é areia demais para a minha camioneta. Sei apenas e a história confirma isso que os EUA levantam-se rapidamente de qualquer queda, mas temo que esse de tal Trump venha a ser presidente pelo seu enorme egocentrismo.

    O mundo, os continentes continuam em grande mudança e na maioria em prol da miséria dos seus povos.

    Estarei errada? Talvez...

    Beijocas e um bom dia

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    1. Eu não só temo que Trump venha ser presidente, como tenho muito medo que isso aconteça, Fatyly.
      O homem não é só parvo, é perigoso.
      E um parvo perigoso, a comandar o país mais poderoso da Terra, é assustador.

      Acredito que este acordo venha a ser adoptado.
      Já há alguns anos, quando fazia mestrado, um dos maus mestres nos dizia que a tendência era esta, a progressiva eliminação de barreiras que constituam entraves ao livre comércio.

      Beijocas, um bom dia aí para Portugal

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  2. Espero sinceramente que o Trump não seja eleito, acho que as pessoas ainda não se aperceberam bem da dimensão deste problema..
    Beijinhos

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    1. Seria uma tragédia, Chic'Ana.
      Não estou a exagerar, a eleição de Trump seria uma tragédia.
      Beijinhos

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  3. Pois é este tratado esteve a ser cozinhado nas costas de todos nós europeus, sinceramente não sei no que esta liberalização possa vir a dar, como diz o primeiro comentário é areia demais para a minha camioneta.
    Um abraço e uma boa semana.

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    1. A tendência para a remoção de barreiras aos livre comércio não é novidade, Francisco.
      A própria União Europeia foi Comunidade Económica Europeia antes de tudo.
      O que não pode acontecer é a negociação de matérias tão sensíveis, é tão importantes para o futuro dos cidadãos, nos gabinetes fechados.
      Aquele abraço, boa semana

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  4. Pedro, este é um péssimo acordo para a Europa e "no pasa nada", ultra-secreto, acordo dissimulado que só agrada aos EUA.

    Trump não vencerá, mas andará lá perto, de tal forma que, daqui a 5 anos, terá legitimas aspirações ao cargo.

    Aquele abraço.

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    1. Com a ameaça do gigante chinês cada vez mais presente, Europa e Estados Unidos procuram reagir e encontrar alternativas, Ricardo.
      É pena que o façam longe das opiniões públicas e mesmo à revelia dessas opiniões públicas.
      Devia ser ao contrário.

      Se Trump não ganhar, e eu espero que não ganhe, não acredito que se meta noutra.
      Vá de retro!!!

      Aquele abraço

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  5. Daqui até lá (APT) não nos doa a barriga.
    É o que me parece.

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    1. Mas é que é isso mesmo, António.
      Até que o tratado veja a luz do dia muitos cabelos brancos nos aparecerão.

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  6. Penso que não será nada bom este acordo, já as eleições é
    assustador se Trump ganhar e não me refiro só aos ideais dele, mas principalmente ao povo que vota nele.

    Beijinho Pedro

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    1. O acordo estamos para ver o que dali vai sair, Adélia.
      Mas uma postura de cautelosa desconfiança é sempre aconselhável.

      Com Trump é que não há dúvidas - será mau, muito mau.

      Beijinhos

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  7. Pois é amigo e será bom ou mau para nós portugueses?
    Contamos alguma coisa nessa negociação ou não?
    Bem, já não deve ser no meu tempo, mas que há
    pessoas preocupadas com o assunto, parece haver.
    Abraço amigo.
    Irene Alves

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    1. Perguntas para as quais não tenho resposta, Irene Alves.
      E que vai demorar muito até terem resposta.
      Um abraço

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  8. A crónica levanta alguns pontos para reflexão, o que é bom, Pedro. Do processo negocial muito pouco se sabe, mas, desconfio, irá responder, ou corresponder, aos interesses das grandes corporações. Se isso acontecer quem se lixa é o mexilhão". Acho que toda a gente já percebeu que a Europa (CEE>UE) é aquilo que os EUA querem. Quem veio resolver os conflitos armados sempre que foi necessário, o último que me lembre o dos Balcãs? E a CEE foi criada na Guerra Fria com a URSS.
    A integração europeia está feita e a ideia original dos fundadores da CEE, muito bonita e democrática, acabou. Portugal está para a UE assim como a UE estará para os EUA: Free Trade. Estão a ver os pequenos a ir vender uns cestos de batatas ao mercado?
    Abraço

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    1. A ideia é essa mesmo, Agostinho - free trade, a remoção de barreiras alfandegárias e outras.
      O que implica muitas questões, muitos perigos, um longo processo negocial.
      Um abraço

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  9. Este acordo vai ser catastrófico para a Europa e para a democracia. Há anos que várias ONG vêm denunciando o que se está a esconder, mas a comunicação social tem-se mantido em silêncio e ao lado do poder. Como já é habitual...

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    1. Porque é que me lembrei da expressão silêncio ensurdecedor, Carlos??

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  10. Temos aqui no Brasil um projeto de Trump, muito pior que o original, supomos.
    Que essa má sorte não nos atinja, nem cá, nem lá na América do Norte.

    Abraços.

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    1. Tudo o que se relaciona com Trump e a sua mundividência (???) é assustador, Milene Lima.
      Se o original é muito mau, as cópias serão de fugir.
      Abraços

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