Dore Holdings Ltd, claramente um caso de polícia


O universo dos jogos de fortuna e azar é, sempre o foi, um submundo muito opaco para o cidadão comum.
Nesse submundo, com uma cultura e obediências muitos particulares e peculiares, os junkets serão um dos maiores mistérios.
Funcionando junto das salas VIP dos casinos, aquelas onde se jogam somas absolutamente pecaminosas de dinheiro, os junkets encaminham para essas salas os grandes apostadores (high rollers) recebendo uma comissão nos lucros dos casinos, fixa ou variável, pelos serviços que prestam. 
O que não são, pelo menos legal e formalmente, é instituições que recebam depósitos de investidores contra o pagamento de juros, ou seja, entidades bancárias ou para - bancárias.
Todos temos o dever de saber isso.
Inclusivamente os investidores que depositaram o seu dinheiro na Dore Holdings Ltd, um junket que funciona junto do casino Wynn, que terá sido alvo de um desfalque brutal (ainda não se conhece a quantia exacta mas andará nas muitas centenas de milhões de dólares de Hong Kong) presumivelmente levado a cabo por uma sua antiga colaboradora.
Acredito que aqueles que investiram o seu dinheiro junto da Dore Holdings Ltd não estejam nada felizes com o facto de verem o seu dinheiro desaparecer de um momento para o outro.
O que já me deixa confuso é que venham queixar-se desse facto junto de entidades oficiais no sentido de reaverem o dinheiro perdido.
Se não tinham consciência que estavam a correr um enorme risco com este investimento, e não acredito que não tivessem, são ingénuos.
Se tinham, jogaram (é o termo!) e perderam.
Só resta uma alternativa - recorrer às autoridades policiais no sentido de procurar encontrar a presumível autora do desfalque e reaver algum  do dinheiro perdido.
O que também não se afigura nada fácil quando se sabe que estas operações não são propriamente documentadas com rigor e transparência.
O que não deve sequer ser colocado como mera hipótese é uma qualquer utilização de fundos públicos para ressarcir quem foi vítima da sua gula.

Comentários

  1. Bom dia
    Existem vícios que destroem e viciados que alimentam sonhos.
    Entrei num casino apenas uma vez. Foi à três anos aproximadamente que fui em passeio com um grupo de antigos colegas Ao Estoril Sol. Fomos ver um espectáculo de Filipe La Féria e aproveitei para uma curta visita sem me tentar com qualquer jogo nas Sholt Machine.
    Não sou viciado em apostas. Não acredito em fortunas imediatas.
    Sorte para mim é ter saúde, viver em paz e ter muitos amigos que pensam e vivem como eu.
    Claro que aqui estão em causa os desvios dos fundos que deveriam pagar impostos...mas são tantos a desviar!....Pior é vê-los e sabê-los dentro dos governos das nações.

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    1. Estes tipos alinhavam num esquema tipo Dona Branca mas muito mais sofisticado.
      Ainda assim , um esquemas que lhes permitia conseguir maiores juros do que aquele que é pago pelas entidades bancárias.
      Será que não existe o equivalente a "quando a esmola é grande o santo desconfia" em língua chinesa?
      Virem agora queixar-se da própria gula e incúria é quase ofensivo.

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  2. Parecem algo descontrolados, os promotores de jogo!
    Que me diz à detenção nos EUA do Ng Lap Seng?
    Boa tarde, Pedro!
    Mor

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    1. É preciso muita lata para esta gente procurar ser ressarcida com dinheiros públicos por causa dos próprios desvarios gulosos, Mor.
      Dá vontade de lhes dar uns tabefes!

      Esse senhor que menciona já tinha sido falado anteriormente em "terras do tio Sam".
      E nunca por bons motivos.
      Pensam que são impunes....

      Boa tarde

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  3. Quanto mais desregulamentação melhor. As oportunidades de crescimento econômico aumentam exponencialmente e a vigarice viaja à velocidade da luz.
    A persistência e o suor que eram indispensáveis à criação de riqueza crescimento são ideias do passado.
    Abraço.

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    1. Ora nem mais, Agostinho - dinheiro fácil.
      E depois queixam-se que perderam todas as poupanças.

      Sou solidário com os lesados do BES.
      Esses, depois de uma vida de trabalho e poupança, guardaram o dinheiro para salvaguardarem o futuro deles próprios e da família.
      E guardaram-no numa instituição que devia ser respeitável e fidedigna.
      Foram enganados, burlados, espoliados.
      Estes tipos jogaram o dinheiro deles.
      Perderam.
      Agora queixem-se à polícia.
      Que não poderá fazer muito porque, a ser verdade o que se comenta no millieu, as provas destes "depósitos" ou não existem ou são virtualmente irrelevantes.

      Aquele abraço

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  4. Hoje vou inovar no comentário, Pedro, ora veja:

    «O universo dos jogos de fortuna e azar é, sempre o foi, um submundo muito opaco para o cidadão comum.» é, literalmente, o meu caso.

    «Acredito que aqueles que investiram o seu dinheiro junto da Dore Holdings Ltd não estejam nada felizes com o facto de verem o seu dinheiro desaparecer de um momento para o outro.» é o que dá fazer investimentos de "risco elevado", digo eu.

    «Se não tinham consciência que estavam a correr um enorme risco com este investimento, e não acredito que não tivessem, são ingénuos.
    Se tinham, jogaram (é o termo!) e perderam.», como diria o outro, é a vida.

    «O que não deve sequer ser colocado como mera hipótese é uma qualquer utilização de fundos públicos para ressarcir quem foi vítima da sua gula.», isso é o que dá ser guloso e não ler a Bíblia.

    Gosto do comentário, Pedro? ;)

    Aquele abraço.

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    1. Gostei do comentário sim senhor, Ricardo!
      Eu vivo na cidade do jogo mas também não entendo patavina daquele universo.
      Nem quero entender.
      Estou impedido, enquanto funcionário público, de jogar (só os primeiros três dias do Ano Novo Lunar).
      Mas, mesmo que pudesse, responderia, não obrigado.

      A mesma resposta que daria a quem me viesse prometer uma remuneração dos meus depósitos superior à remuneração que oferecem os bancos.
      Cautelas e caldos de galinha....

      Tenho cá uma peninha destes gulosos, Ricardo!
      Quem foi traído pelos bancos, que supostamente deviam guardar as suas poupanças e remunerá-las, merece toda a minha solidariedade.
      Esta gente??
      Nem um bocadinho!!

      Aquele abraço

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    2. Pedro, até nos bancos existiram muitos "lesados" gulosos, eu não acredito muito na ingenuidade e no "assinar de cruz", vá, pode chamar-me desconfiado.

      Aquele abraço.

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    3. O Ricardo ia dar-se bem com o meu sogro.
      A ele não lhe chamam desconfiado.
      A alcunha dele é Senhor Seguro.
      E olhe que, para quem passou por algumas dificuldades na vida, e teve que criar quatro filhas, tem-se dado muito bem com essa vida regrada, segura.
      Aquele abraço

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  5. As fotos de família aí debaixo são uma fofora -

    A sujeira descrita neste post é uma tristeza.

    Tudo de bom, Pedro

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    1. Realmente são dois posts em contraste, São.
      Tudo de bom para si também

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  6. É um universo tenebroso!
    O jogo e o dinheiro fácil, só trazem problemas.
    Também não compreendo que se sintam "roubados" e injustiçados.
    bjs

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    1. O único dinheiro fácil (será?) que conheço são as heranças, papoila.
      Quem acredita em dinheiro fácil tem destas surpresas.
      E é muito bem feito!
      Bjs

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  7. A minha avó costumava dizer que dinheiro de jogo, o diabo o dá, o diabo o leva.
    Eu nunca entrei num casino , o único jogo em que aposto é no totoloto. Antigamente ainda comprava uma cautela de vez em quando. mas deixei de comprar quando um dia tive o número do primeiro prémio quase todo, excepto o último numero e não tive nada.
    Um abraço

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    1. Não tenho nada espírito de jogador, Elvira Carvalho.
      Vivo na cidade do jogo, não jogo em nada.
      Não acredito em facilidades e facilitismos.
      Um abraço

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  8. Caro Amigo Pedro Coimbra.
    Não gosto de jogo.
    Nas duas viagens marítimas que fiz apenas passava pelos casinos e ficava admirado em ver a reação dos jogadores compulsivos.
    Caloroso abraço.Saudações não jogadas.
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus, sem ranços, com muita imaginação e com muito gozo.

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    1. Sabendo que é o Jogo que me paga o salário, não posso ser hipócrita, detesto jogos de fortuna e azar.
      Não posso jogar (proibido a funcionários públicos).
      Mesmo que pudesse é algo que realmente em nada me atrai.
      Aquele abraço

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