Mal-estar crescente no relacionamento entre a China e o Japão


As disputas territoriais que continuam a marcar o dia-a-dia no sudeste asiático, legado da História e de uma paz negociada algo apressadamente, são apenas um dos sintomas do mal-estar que subsiste entre vizinhos desavindos que nunca fizeram verdadeiramente as pazes.
A relação sino-japonesa, nas suas múltiplas vertentes, será o melhor exemplo desse facto.
Sintomáticos dessa realidade, o convite com o seu quê de provocatório da parte da China para que o primeiro-ministro japonês estivesse presente nas cerimónias comemorativas do septuagésimo aniversário da capitulação do Japão na II Guerra Mundial, e a desculpa esfarrapada dada por este para não estar presente em Pequim - agenda muito preenchida.
Curiosamente, e continuando no campo das alfinetadas mútuas, uma agenda que contempla uma possível alteração da política militar japonesa e que não permite a Shinzo Abe assistir à demonstração do poderio militar chinês preparado com toda a pompa para ser exibido na Praça da Paz Celestial.
Da mais fina ironia dos dois lados e, mais que uma demonstração de paz podre, uma clara evidência do que é a política de relacionamento comum the asian way.
Muito mais que uma frente comum de resistência ao crescente poderio militar chinês, juntamente com americanos e europeus ocidentais, como defendem alguns analistas, a atitude de Shinzo Abe demonstra claramente um mal-estar crescente no relacionamento bilateral entre os dois gigantes asiáticos.
Mal-estar que não parece ter um fim à vista, como se pode depreender da preocupação mútua de introduzir nos manuais escolares uma versão própria acerca dos acontecimentos que os levaram à guerra e do que nesta aconteceu.
Tenha a designação de  educação patriótica, ou outra qualquer, não augura nada de bom em termos de desanuviamento das relações a nível bilateral.
No presente e no futuro.

Comentários

  1. Já são "gigantes" e em vez de usarem o bom senso...preferem andar às turras numa de...eu sou o melhor! O querer mais e mais...é quase sempre significado de "guerra versus disputa" e é tão mau. Como há "governantes" tão idiotas", valha-me Deus.

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    1. Dois gigantes com brinquedos muito perigosos para andarem às turras, Fatyly.
      E não se vê qualquer sinal que permita pensar em melhorias no futuro.

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  2. No país do Sol Nascente, qualquer coisa está a mudar e o velho Imperador já nada manda quando comparado com o "poder" detido pelo 1º Ministro.

    Aquele abraço, Pedro, e votos de excelente semana para si e suas mais que tudo.

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    1. O Imperador sempre foi mais uma figura de referência e algo decorativa, Ricardo.
      Tem poder porque é verdadeiramente reverenciado.
      Mas está acima das questões políticas e aparece mais enquanto símbolo e não enquanto decisor.
      Aquele abraço, boa semana para si e as suas princesas e seja bem regressado!

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  3. Caro Amigo Pedro Coimbra.
    Tu vislumbras um dia incerto e não sabido o fim das hostilidades entre estas nações poderosas?
    Caloroso abraço. Saudações observadoras.
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus, sem ranços, com muita imaginação e com muito gozo.

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    1. Pelo contrário, Amigo João Paulo de Oliveira.
      O caminho de ambos só faz prever um agravar das tensões existentes.
      Grande abraço

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    2. Olá Pedro
      Passando para conferir as novidades. Visitar os blogs que sigo e que me seguem, é uma necessidade. Interação é essencial no mundo da Blogosfera. Encantada com tudo que vi e li por aqui... Saio sempre renovada de boas energias, ideias e aprendizado!...
      AbraçO

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    3. Abraço, Nidja Andrade.
      Não tem publicado, pois não?
      Não tenho actualizações do seu blogue.

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  4. Creio não ser viável um relacionamento bilateral entre os dois gigantes asiáticos.
    Apenas por razões a oriente ou mais que isso?
    Abraço

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    1. Feridas que permanecem (bem) abertas, António.
      E que parece difícil curar.
      Aquele abraço

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  5. ~~~
    ~~ Apesar dos intervenientes da II Guerra Mundial estarem a extinguir-se,
    ainda vão ser necessárias muitas décadas para esquecer a violentíssima
    e marcadamente cruel invasão da China pelo império nipónico...

    ~~ Apesar da simpatia que também tenho pelos japoneses - para além de
    todas as suas comemorações pela paz - pressinto-lhes um mal disfarçado
    sentimento hegemónico.

    ~~~ Beijinho. ~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~

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    1. Os dois lados estão a fazer tudo para que essa memórias não se apaguem (China) e para que sejam vistas pelo lado do heroísmo e não da crueldade (Japão).
      É impossível prever se, e quando, haverá realmente um desanuviar do relacionamento bilateral, Majo.
      Admiro ambos os povos de maneiras diferentes, por motivos diferentes.
      O que não me faz reescrever a História e esquecer as atrocidades que ambos cometeram.
      Os japoneses no contexto da II Guerra Mundial, os chineses na Revolução Cultural e em Tiananmen.
      Beijinhos

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    2. ~~~
      ~~ CONCORDO.
      ~~~~~~~~~~~~~

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    3. Subscrevo tudo.
      Queria acrescentar o seguinte: Os japoneses tem um sentimento, até algo mal disfarçado, que são os «senhores da Ásia», ou seja, melhores que todos os outros povos asiáticos. Isso em termos de política internacional é péssimo.

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    4. E os chineses, Paulo Lisboa??
      Same same but different

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  6. O mundo está em total desentendimento. Não dá para entender. Ou melhor, dá! É tudo uma questão de poder e de dinheiro! Incrível!! E assustador.

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    1. As feridas ainda estão bem abertas dos dois lados neste caso, Graça.
      E vai demorar muito tempo até fecharem por completo.
      Beijinhos

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  7. A China nunca esquecerá a cruel e destruidora invasão Japonesa.
    Um abraço

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    1. E o Japão pretende aligeirar o que aconteceu, Elvira Carvalho.
      Não foram atrocidades, foi uma pura situação de guerra.
      Alguns exageros, talvez....
      Um abraço

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  8. Li o texto na diagonal, estou a exagerar, mto menos do k na diagonal, e olhando a fotografia, vê-se logo k eles são mto amigos e estão mto felizes e sorridentes.

    Continuação de boa semana, Pedro!

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    1. Aquelas caras de porra são as habituais, CÉU.
      Tanto estão assim quando lhes dizem que morreu um familiar como quando lhes dizem que acabaram de ganhar o Euromilhões.
      Emoções, zero!
      Continuação de boa semana também

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  9. São as razões históricas que impedem tal coisa. O Japão nunca pediu desculpas à China por a ter invadido há quase 80 anos, apenas recentemente lamentou o sucedido. Daí haver esse grande ressentimento chinês.
    Por outro lado o Japão olha com desconfiança para o crescente poderio económico e militar da China, encarando-o como ameaça à sua soberania. Daí até estar a pensar alterar a sua constituição, para poder gastar mais dinheiro com as suas forças armadas e para alterar o perfil das mesas, ou seja: poderem actuar fora do país em missões não necessariamente defensivas.
    Com estes ingredientes todos, já tem uma explicação válida para haver esse mau relacionamento entre a China e o Japão.

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    1. O maior problema é que essa desconfiança é mútua, Paulo Lisboa.
      Tal como as tentações hegemónicas.
      Esta birra já aborrece.
      E assusta.

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