Combate às migrações ilegais


As mortes no Mediterrâneo sucedem-se aos milhares, o desespero acentua-se, a vida tem cada vez menos valor para quem em boa verdade não tem vida para valorizar.
O sentimentos, como as tragédias que lhes dão origem, extremam-se.
E vão desde a necessidade de fechar fronteiras a quem procura o espaço europeu para fugir às mais aviltantes barbárie e miséria, à obrigatoriedade de a Europa procurar uma política de inclusão daqueles que demandam o seu espaço em busca de um sonho de outro modo irrealizável.
Quando ainda se procuram vestígios de vida entre as centenas de desaparecidos em mais um brutal naufrágio nas costas europeias, o Conselho Europeu reúne-se esta quinta-feira para debater a cooperação com o Magrebe no combate às migrações ilegais.
No meio das declarações de choque e profunda tristeza, naturais e habituais nestas circunstâncias, os líderes europeus falam numa reacção conjunta, supranacional, ao fenómeno da imigração ilegal.
Confesso que, quando ouço Bruxelas prometer um reforço das operações de patrulhamento, busca e salvamento, fico com a sensação que a referida cooperação com o Magrebe será muito mais uma cooperação para proteger as fronteiras europeias do que uma cooperação para combater o flagelo na sua génese, uma cooperação para combater as criminosas redes de tráfico humano, as causas que estão na base da perda de valor da vida humana.
Percebo que a Europa não pode recolher todos os refugiados que procuram o seu espaço em busca de uma réstia de dignidade perdida algures no tempo.
Mas desejo que a Europa, inclusiva, solidária, não coloque os milhares de refugiados que a procuram entre a incerteza de um mar assassino e de muros que lhes roubam toda e qualquer esperança de uma possível salvação e redenção.

Comentários

  1. ~ ~
    Um assunto bem difícil de resolver, mas que tem de ser resolvido, urgentemente.
    ~ ~
    Penso que deveriam ser distribuídos pelos países da UE onde seriam acolhidos, cuidados e inseridos socialmente, ou preparados para voltarem ao país de origem, onde deveriam continuar a ser apoiados.
    ~
    Seria melhor ficarem num campo de refugiados em cada país, onde poderiam estudar, enquanto esperavam por algum trabalho, do deixá-los morrer mo mar.

    ~~~~~~~Muito triste.~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

    ~~~~~~~ Beijinhos.~~~~~~~~~~~~~~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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    1. Deixar estes refugiados à deriva no mar não pode ser a solução, Majo.
      E a Europa não pode esquecer a sua face humanista nem pode varrer para debaixo do tapete as responsabilidades que tem nalguns conflitos dos quais estes refugiados fogem.

      Infelizmente, as declarações dos líderes europeus que li, plenas de retórica mas vazias de conteúdo e propostas concretas, não auguram nada bom.
      Fazem até adivinhar uma reacção mais musculada no combate à entrada destes desgraçados no espaço europeu.

      Beijinhos

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  2. África é i Inferno em vida, em enorme parte devido à acção predadora que o dito mundo desenvolvido tem desenvolvido sem remorsos nem limites sobre o continente .

    A outra parte deve-se aos ditadores que têm enriquecido esmagando os seus povos sanguinariamente.Mas nem aí o Ocidente está limpo de sangue, j+a que apoia e se alia a esses regimes brutais.

    O cinismo e a hipocrisia campeiam, pois quando foram assassinadas poucas pessoas em França mobilizaram-se milhões de Charlies( logo aqui houve diferenciação, pois importantes pareciam só os humoristas...) que , face à catástrofe trágica de milhares de vidas no Mediterrâneo ficam quedos e mudos!!

    Fico por aqui, mas falarei sobre o assunto num dos meus blogues, pois estou em choque com tudo neste drama .

    Boa semana

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    1. UMA vida perdida em virtude da injustiça, da barbárie, é já demasiado.
      O Ocidente tem dois pesos e duas medidas ao encarar estes horrores.
      E tem a consciência pesada.
      Porque alimentou e apoiou quer os regimes ditatoriais quer as revoltas que os depuseram sem mais.
      E depois lavou as mãos.
      Agora manchadas de sangue inocente.
      Revolta?
      claro que revolta, são.
      Só quem não tem sentimentos é que não se revolta com estas situações.
      Boa semana

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  3. Eu também acredito que a Europa está mais interessada em se defender destes povos, do que em ajudá-los a ter uma vida suficientemente digna para que não arrisquem a vida todos os dias, na busca do pão de cada dia. Cada vida perdida no mar devia ser, uma vergonha para a Europa, mas quer-me parecer que há muito e Europa perdeu a vergonha.
    Um abraço

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    1. A retórica inicial é essa, Elvira Carvalho.
      Protecção, detecção, não são propriamente auxílio nem busca de soluções duradouras.
      Um abraço

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  4. «Confesso que, quando ouço Bruxelas prometer um reforço das operações de patrulhamento, busca e salvamento, fico com a sensação que a referida cooperação com o Magrebe será muito mais uma cooperação para proteger as fronteiras europeias do que uma cooperação para combater o flagelo na sua génese, uma cooperação para combater as criminosas redes de tráfico humano, as causas que estão na base da perda de valor da vida humana».

    É óbvio que a Europa está-se a borrifar para estes imigrantes e/ou refugiados, quer é ver-se livre deles, quer vê-los bem longe da Europa, é o que o Pedro diz em cima.
    Sinceramente isto é algo que me preocupa, mas também não estou a ver como é que a «Europa rica» pode receber esta gente toda, é que mesmo na própria Europa não há recursos para todos os seus cidadãos viverem com dignidade, quanto mais acolher os que vem de fora.
    É uma situação para a qual não vejo solução, pelos menos a curto prazo.

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    1. Se calhar não há UMA solução, Paulo Lisboa.
      Terá que haver várias.
      Receber e distribuir refugiados, atacar as redes de traficantes nos países de origem, procurar soluções políticas para os conflitos que fazem estas pessoas arriscar as próprias vidas para fugirem.
      Não será fácil, não será instantâneo, terá que passar por aí.

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  5. Há muito a fazer nesta área tão sensível e não podemos continuar a observar estas tragédias de braços cruzados. É necessário desenvolver várias medidas que protejam e ajudem estas pessoas. Mas para isso, tem de haver realmente uma vontade honesta e não discursos hipócritas e desprovidos de conteúdo.

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    1. Só assistimos a retórica, Miss Smile.
      E com retórica não se resolvem estes problemas.
      O que está a acontecer é revoltante.
      E parece não ter fim.

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  6. Enquanto os países do Norte da Europa ( não todos, mas a maioria) pensarem que as migrações são um problema dos países do sul e não um problema europeu, as decisões para estancar a morte no Mediterrâneo não passarão de paliativos. Na quinta feira veremos...

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    1. Carlos, esse é o grande problema.
      A Europa ainda vê o combate ao tráfico humano, estas migrações massivas de desgraçados pela vida, como um problema comum, a ter que ser resolvido em comum.
      As declarações preliminares dos líderes europeus dão-me pouca esperança para quinta-feira.
      Quando falam em combate conjunto parece-me que estão a falar em ferrolho.
      E já se viu que isso não resulta.

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  7. Respostas
    1. Quando as pessoas perdem o amor à própria vida algo está muito mal no Mundo, Adélia.
      Beijinhos

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  8. Tão aviltante, tão desumano, que nem sei o que diga, nem sei o que pense. Só sei que é mau de mais, que vivemos tempos feios e difíceis. E depois venham falar-me de Deus!

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    1. A questão aqui não tem nada de Divino, Graça.
      São homens com visão muito curta, muito preocupados com o seu umbigo e os seus interesses para perceberem o sofrimento dos seus irmãos.

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  9. Estimado, Pedro.

    A quem interessa, essas travessias, e as pessoas morrerem em alto mar ?
    E a quem, não interessa, cessar a travessia, desses balseiros ?
    Um abraço.

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    1. José Maria Souza Costa.
      Só pode interessar aos traficantes de carne humana.
      Não pode interessar a mais ninguém.
      Já fazer cessar estes fenómeno tem que interessar à Humanidade.
      A começar na Europa e no Magrebe mas não se ficando só por aí.
      Um abraço

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  10. Um problema sério e difícil de resolver. Para já, uma vergonha para a humanidade.

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  11. A senhora europa anda preocupada é com a época balnear a disfarçar rugas e gorduras indecorosas. E o patrão - UE - não se mexe prefere entreter-se em jogos de gente rica.
    Roma foi invadida pelos bárbaros e a nossa europa (em munusculas) com os hábitos e políticas que tem está à espera de quê?
    A história poderia ser diferente.
    O problema tem de ser tratado na origem, não é colocar mais barcos no mediterrâneo nem subir as muralhas do castelo.
    Abraço, Pedro.

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  12. "O problema tem de ser tratado na origem, não é colocar mais barcos no mediterrâneo nem subir as muralhas do castelo"

    Onde é que eu assino, Agostinho?

    Aquele abraço

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  13. Um problema muito complicado, com várias vertentes e nenhuma solução que possa agradar a todas as partes...

    Beijocas

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    1. Este morticínio é que não pode continuar, Teté.
      Seja qual for o entendimento a que se possa chegar, esta mortandade tem que parar

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