A crise (política) que se segue


Está muito próxima a data de realização das eleições autárquicas em Portugal.
O que devia, em teoria, por definição,  limitar-se a uma escolha dos representantes que estão em contacto directo com as populações, nunca foi apenas isso.
Esse facto é particularmente sentido e relevante nestas eleições.
Com o País mergulhado numa crise económica e social que teima em não dar sinais fortes de abrandamento, estas eleições vão ser, acima de tudo, um teste à coligação que governa e às oposições.
Mas, opinião muito pessoal, muito mais às oposições que à coligação parlamentar.
Porque, com um Presidente da República que constantemente manifesta total repulsa a cenários de crise política, mesmo um resultado desastroso da coligação governamental só dará lugar a uma crise política se, às eleições, se seguir uma implosão da própria coligação.
Uma implosão que, a existir,  partiria da iniciativa do CDS.
Uma possibilidade que não é de afastar.
Se o estratega Paulo Portas verificar que o CDS sai muito penalizado destas eleições, que corre o risco de se tornar uma força política menor, acredito que não hesitará em recorrer a uma fuga para a frente, em tentar demarcar-se, desta vez sem retorno, das políticas de austeridade que tem vindo a apoiar.
Mas, voltando atrás, se a solidez da coligação governamental será posta à prova, a liderança das oposições não o será menos.
No PS, António José Seguro sabe que está obrigado a um resultado que não deixe que subsistam dúvidas acerca da sua capacidade enquanto líder e da capacidade do partido enquanto alternativa de governo.
Um resultado que não seja simultaneamente altamente penalizador para a coligação governamental e moralizador para o PS, representará o fim da era António José Seguro.
A ser assim, falta saber quem sucederá ao baço líder do PS.
Nestas contas de uma crise política anunciada, mas ainda sem se saber com que protagonistas, entra também o Bloco de Esquerda.
A nova liderança bloquista vai, pela primeira vez, ser sujeita a avaliação do eleitorado.
Um resultado penalizador para o Bloco pode desencadear  uma crise de liderança dentro do partido, o emergir de um cenário de orfandade na liderança após a saída de Francisco Louçã e o desaparecimento de Miguel Portas.
Neste cenário de crise(s) eminente(s) só o PCP sai incólume.
Porque o eleitorado comunista não é volátil, está consolidado,  e ninguém estará à espera de um grande resultado ou de uma grande derrota do PCP.
Em resumo, aproxima-se a data de umas eleições autárquicas que, muito  mais que eleger representantes do poder local, poderão ser o primeiro passo para a emergência de um novo paradigma político, com novos protagonistas, em Portugal.

Comentários

  1. Bom dia Pedro
    Parece que as pessoas estão farta e muitos não irão votar. Os políticos desacreditaram todo o sistema. São torpes, mentirosos e oportunistas.
    São os primeiros ladrões destro desta organização.
    Deixámos de ter políticos dedicados à causa comum. Sem outros interesses que não seja a boa organização pública. Respeito pelas palavras e promessas.Respeito pelos eleitores e pelos trabalhadores que mantém um Estado de direito. Estes fulanos estão apostados em destruir. Cada dia é ainda pior que o anterior. A manterem-se no poder melhor seria não mexerem em mais nada. Já basta de borradas...
    Se querem cortar cortem de cima para baixo. Comecem pelo Parlamento, deputados e mordomias...

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    1. luís,
      A taxa de abstenção, e os votos em branco, também serão muito importantes para se perceber o que pensam e sentem neste momento os portugueses.
      Também prevejo uma taxa de abstenção alta.
      A ser assim, os três principais partidos serão os mais penalizados (o eleitorado do PCP e do BE aparece) e serão os que terão de reflectir mais.
      E arrepiar caminho.
      Grande abraço e votos de boa semana!

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  2. Caro Pedro Coimbra,
    Felicito-o por esta análise muito correcta e imparcial. É pena que os nossos políticos não tenham capacidade e coragem de raciocinar assim, friamente, sobre o que realmente está a passar, de no País. E essa incapacidade, além de não os beneficiar, prejudica o País.
    Há uma ideia que tem sido muito confundida: colaboração, convergência, consenso, união, etc. Tal patriótica finalidade é impossível por um Governo qe age com teimosia, fixação, «custe o que custar ao povo». para haver união e consenso tem que haver disponibilidade das partes em fazer concessões para se chegar a soluções aceites pelos intervenientes, não pode queres-se união que se resuma ao total consentimento dos outros, ao aplauso deles e submissão à teimosia de obcecados doentes.
    Parabéns pela elaboração deste seu óptimo post que estou a pensar levar para o meu blogue.

    Abraço
    João

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    1. Caro A. João Soares,
      Estou distante do País.
      Muito mais distante do aparelho partidário.
      Tenho muita pena de manter o estatuto de abstencionista há já alguns anos.
      Mas, como já o declarei publicamente mais do que uma vez, não me revejo em nenhuma das propostas que são apresentadas, não consigo vislumbrar o mínimo de credibilidade e de capacidade nas actuais lideranças.
      As mais jovens, as que vêm de um passado recente.
      Em todas apenas consigo ver intensos jogos de bastidores, grandes jogos de cintura, apego ao Poder.
      Tenho pena de afirmar o que afirmo.
      Mas não posso enterrar a cabeça na areia.
      Mais, não quero, recuso fazê-lo.
      Um grande abraço!!

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  3. Gostei imenso e subscrevo, assim como subscrevo a tua resposta a A.J.Soares, com apenas uma alteração, irei votar mas jamais em branco porque o meu descredito é tal, que nunca se sabe quando virem um monte de votos em branco...não se lembrem de pôr uma cruz onde lhes der mais jeito.

    Beijos

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    1. O voto nulo também é uma forma de protesto, Fatyly.
      Mais ainda se acompanhado de um desenho ilustrativo :))
      Beijos

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  4. Esperemos que sim, que haja uma mudança de paradigma porque estamos por um fio!
    Felizmente que estamos na recta final porque toda a gente está cansada duma campanha que, se por um lado tem sido morna, por outro abusou de deselegâncias para não dizer mesmo de ordinarices!
    Acho que começou demasiado cedo!

    Abraço

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    1. Rosa dos Ventos,
      Mas, a mudar, que seja para melhor.
      Porque, como cantava o Sérgio Godinho, para pior já basta assim.
      Abraço

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  5. Concordo.

    Aliás, se Cavaco, apesar de tudo quanto já era do conhecimento público, não tivesse sido eleito para Presidente da República, este Governo já teria caído há muito tempo.

    Além da parcialidade , está sendo cúmplice da destruição do país.

    Porque o actual Governo PSD/CDS (talvez agora mais ao contrário) está a caminho apressado para o segundo resgate: todos os cortes, toda a austeridade, o enorme aumento de impostos, a venda a desbarato, .... nada valeram. Passos , claro, sacudirá a água do capote!

    E , pelos vistos, Cavaco descobriu que, afinal, os sacríficios não têm limites e que o consenso entre CDS; PSD e PS seria uma maravilha, coisa de que discordo desde sempre. Mas que a existir, deveria ter existido aquando da vitória de Sócrates com minoria.

    A política portuguesa está entregue a "jotinhas" tanto no Governo como no PS e com a endoutrinação que eu ouvi a Alexandre Relvas na Universidade de VErão do PSD temo que o futuro seja ainda mais negro para a "peste grisalha", em particular.

    Para cúmulo, o povo português vota não por reflexão, mas por partidarite.

    Além disso a abstenção subirá em flecha, porque , além dos jovens que o Governo aconselhou a emigrar, muitas pessoas mais velhas estão a emigrar pela segunda vez e os suicídios diários aumentam assustadoramente e, claro, há depois as criaturas que consideram nem ter sequer que votar.

    Tenha bom dia, Pedro

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    1. São,
      O PR tem horror a crises políticas.
      Aliás, nesta fase da vida dele, ele tem horror a tudo o que não seja corta-fitas, croquete e pastel de bacalhau.

      O consenso entre o "trio odemira" é uma ficção.
      Três gatos fechados num saco, inevitavelmente lutam.
      É a lei da natureza.
      Querer que PSD, CDS e PS formem um governo tripartido é o mesmo que esperar que os gatinhos fechados no saco se tornem muito amigos.

      Infelizmente também prevejo uma alta taxa de abstenção.
      Que corresponde a uma elevada desilusão.

      E também concordo que os partidos, excepto o PCP, foram entregues aos jotinhas que fizeram carreira partidária sem saberem fazer nada na vida.

      É triste, mas é a verdade.

      Um bom dia para si também

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    2. CONCORDO, que se o Cavaco não tivesse sido eleito para Presidente da República, este Governo já teria caído há muito tempo.

      Mas destruição do país continuava com o PS no Governo com um "JOTINHA" chamado José António Seguro!!!

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    3. Individualista como sou, tinha problemas com um Governo comunista, mas o PCP é ainda a única alternativa!!!

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  6. Estas eleições vão por a descoberto a maturidade política de um povo. Não concordo com os abstencionistas, na medida em que ao não aparecerem para votar - estão a permitir que uma percentagem pequena e pouco representativa da sociedade portuguesesa - DECIDA - por todos nós. Isto foi já o que aconteceu nas últimas eleições, em que a taxa de abstenção ultrapassou os 50%. Ou seja, esta classe política de malfeitores foi eleita pela percentagem de caciquismo que se reune à volta do vicio eleitoral que sustenta os seus tachos. Por isso votam e vencem. Porque a maioria das pessoas se demite de fazer valer o seu direito de voto, expressando a sua discordância com este estado de coisas. Não acho que um voto em branco seja insignificante. Se reclamamos mudança, não podemos virar costas a uma resposta clara. Não tenho quem me represente nas minhas ideias e convicções? - Voto branco, pois ninguém me serve. Afirmo isso claramente. No entanto, não deixo que ninguém decida por mim e que não seja por falta de convição que eu voto em branco! A abstenção deixa uma dúvida, o voto em branco dá uma certeza e reclama uma mudança - o processo eleitoral tem que ser mais claro e mais justo e sobretudo mais transparente e esclarecido. A maioria das pessoas nem sequer sabe quem está a eleger...

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    1. Raquel Mark,
      Como já aqui expliquei noutra situação semelhante, a abstenção significa que o panorama é tão desolador, tão confrangedor, que não motiva a pessoa a sequer comparecer no local de voto.
      Enquanto o voto não for obrigatório por lei, é uma opção tão válida como outra qualquer.
      Ninguém se demite dos seus direitos ou deveres.
      Apenas expressa a sua opinião de uma forma que só o calão permite retratar plenamente (não preciso de entrar em pormenores, pois não?)
      Uma mudança radical no processo eleitoral, nomeadamente na constituição de círculos eleitorais uninominais, poderia motivar mais pessoas a votar.
      É uma hipótese.
      Há outras.
      Com o panorama actual, e os protagonistas actuais, o afastamento, o alheamento até, crescerão
      Não tenho dúvidas disso.

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  7. Utopias:
    Se o ser humano não fosse negativamente ambicioso, nem precisaríamos de eleições !!!

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    1. As utopias levam a grandes feitos, Ricardo Santos.
      Quem diria que uma maçã, "plantada" numa garagem em Los Palos, hoje valeria 300 biliões de dólares?
      Aquele abraço!

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  8. Caro Amigo Pedro Coimbra!
    Estou cá a torcer intensamente para que seus patrícios escolham representantes que atuem com eficácia para resolver os cruciantes problemas que enfrentam.
    Caloroso abraço! Saudações eletivas!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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    1. Amigo João Paulo de Oliveira,
      Infelizmente, não é isso que acredito que venha a acontecer.
      Grande abraço!

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  9. "Neste cenário de crise(s) eminente(s) só o PCP sai incólume"


    O PCP não é um partido como os outros. É um misto de estrutura militar e de seita religiosa , já que a sua doutrina funciona muito mais como uma espécie de religião.

    Tem hierarquia, disciplina, organização. Definem objectivos e estratégias; têm princípios e um conjunto de funcionários profissionalizados e coesos (um estado maior…).

    Os restantes partidos ao pé deles são uns aprendizes de feiticeiro, ainda por cima cheios de trapaceiros, palermas e oportunistas.

    O PC não ganha, porque a grande maioria do povo português é visceralmente contra o que defendem; porque o comunismo é avesso à natureza humana e é incompetente em termos económicos e sociais. E o comunismo revelou-se sanguinário na sua acção.

    Além disso não se pode esquecer que o PCP, durante toda a sua existência, teve um papel anti-patriótico defendendo objectivamente os interesses de uma potência estrangeira que se revelou ser inimiga de Portugal: a URSS.

    Mesmo assim ainda conseguiu juntar no funeral desse herói do Kremlin, chamado Álvaro Cunhal, uma multidão de cerca de 100.000 pessoas.

    Não se deve menosprezar o PCP e nunca se sabe o dia de amanhã.

    O PC é um multiplicador de sinergias. Em 1974, por exemplo, antes e após o golpe de estado de Abril, constituindo um grupo absolutamente minoritário no País e no seio das FAs, infiltraram-se de tal maneira no MFA [1] que conseguiram passar a dominar os acontecimentos a seu belo prazer, até 25 de Novembro de 1975. Um facto que irá ficar, certamente, nos anais das revoluções e que convém não ser esquecido.

    O PCP não é apenas um partido, é um pequeno estado dentro do estado.

    O PC não manda no sentido em que não ocupa nominalmente as cadeiras do Poder. Mas manda no sentido em que condiciona tudo o que se passa. Começa na constituição de 1976, elaborada maioritariamente sob a sua influência ideológica e cuja matriz central ainda se mantém até aos dias de hoje, mesmo depois das revisões a que já foi sujeita.

    O PC fomenta constantemente o descontentamento (qualquer que seja o governo) e depois cavalga a insatisfação. Cria estruturas paralelas de Poder; inventa partidos satélites, disfarça-se em associações, possui gráficas,redes de destribuição,condiciona a historiografia e domina os principais sindicatos. Dispõe, constantemente, militantes seus em lugares chave, desde o topo da hierarquia do Estado até às mais pequenas juntas de freguesia. O PC possui o melhor serviço de informações que existe em Portugal, muito superior ao SIS, SIED e SIM juntos e estão preparados para passar à clandestinidade no prazo de 24H.

    O PCP não é um partido é “o” Partido e merece a designação.

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    1. "O PCP não é um partido é “o” Partido e merece a designação."
      O partido que ainda hoje vive com os fantasmas do passado, com o sonho dos amanhãs cantantes, dos paraísos terrenos, Anónimo.
      Contra todas as evidências, fazendo tábua raza de tudo o que aconteceu no Mundo no último século.
      O PCP só não será afectado porque aquele eleitorado, à imagem do próprio partido, é imutável.
      Assim, não há surpresas.

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  10. EXCELENTE ESTE TEXTO, PEDRO, COM O QUAL CONCORDO EM ABSOLUTO.

    Mas quem são esses representantes que actuam com eficácia para resolver os cruciantes problemas que enfrenta Portugal?

    O PPC e o António José Seguro não são com toda a certeza.

    Ninguém gosta do Paulo Portas, mas esse ainda tem dois palmos de testa, coisa que falta aos outros políticos.

    Respondi ao seu comentário, Pedro, porque também eu vejo o PS com quase os mesmos problemas que o FDP, só que o PPC não é a Merkel.

    Vamos lá ver no domingo!

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    1. ematejoca,
      Passos Coelho e António José Seguro são farinha do mesmo saco.
      Com matizes algo diferentes na cor.
      Paulo Portas é, de longe, o mais esperto do políticos portugueses.
      Mas também o maior sacana.
      Já é assim desde o tempos de estudante no Colégio São João de Brito.
      Viscoso e contorcionista, sabe mexer-se e sabe ser sem ser, estar sem estar, apoiar sendo contra.

      Pedro Passos Coelho vs Merkel.
      Um líder (??) fraco e uma líder fortíssima.
      Goste-se dela, ou não, há que lhe reconhecer esse mérito.

      Domingo será, insisto, o oito (fica tudo na mesma) ou o oitenta (há uma grande volta nos três grandes partidos e até no Bloco).
      Vamos aguardar.

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    1. Graça,
      Vou copiar o que respondi à ematejoca:
      Domingo será, insisto, o oito (fica tudo na mesma) ou o oitenta (há uma grande volta nos três grandes partidos e até no Bloco).
      Vamos aguardar.

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  12. No dia 30 tudo estará na mesma, Pedro. O PS não conseguirá uma vitória emagadora, Portas-já se percebeu- não fará ondas por razões que só ele saberá, mas alguma coisa terão a ver com submarinos, Cavaco continuará satisfeito com o governo que tem e PPC anunciará , em Outubo, medidas de austeridade violentíssimas que incluirão despedimentos e cortes de salários na função pública. O povo tuga- dos mais idiotas à face da Terra- continuará feliz a ver o país afundar-se. Estas foram algumas das lições que trouxe das quase três semanas de férias em terras lusas. Uma apagada e vil tristeza que me faz cada vez mais acreditar que os portugueses têm o governo que merecem.
    Abraço

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    1. E lá vou eu voltar a responder o mesmo, Carlos;
      Domingo será, insisto, o oito (fica tudo na mesma) ou o oitenta (há uma grande volta nos três grandes partidos e até no Bloco).
      Vamos aguardar.
      Grande abraço!!

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  13. Espero que haja uma mudança significativa para melhor, pois acho que muitas famílias estamos a rebentar pelas costuras, eu pessoalmente estou cansada das campanhas, é uma música que sabem de cor e que ão me convencem, precisamos ver agir de forma a que o povo seja respeitado, pois ele é a maior riquez de um país.

    beijinho e uma flor

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  14. Pedro,
    Na minha opinião o povo português vai bater neste governo desumano.
    Beijinho. :))

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    1. Não tenho assim tanta certeza, ana.
      Porque, do outro lado da barricada, também não se vê nada que valha a pena.
      Vamos ver o que é que o povo português nos diz no domingo.
      E o que é que acontecerá a partir de segunda-feira.
      Beijinho

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  15. Boa semana e votos de um excelente feriado!

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