UNESCO atenta


O puxão de orelhas que a UNESCO dá a Macau a propósito da protecção do património classificado da RAEM é bem merecido.
O meu amigo Guilherme, Ung Vai Meng, é que era a última pessoa a merecer o estatuto de porta-voz do mesmo.
Ossos do ofício.....
Desde cedo se percebeu que, depois de conseguido o reconhecimento da UNESCO, muito boa gente em Macau pensou que bastava manter os edifícios limpinhos, arranjadinhos, fazer alguma manutenção corrente dos mesmos, que estava o caso arrumado e o futuro garantido.
E foi gente com grande responsabilidade nesta área quem assim pensou, não foi só o cidadão comum.
Não é assim.
Nem nada parecido.
E é isso que a UNESCO agora vem relembrar.
Os monumentos e conjuntos classificados são-no para poderem ser fruídos, vividos e acarinhados.
Para que isso aconteça, não podem ser vítimas de um desenvolvimento selvático, desregrado, bruto.
E não podem ser abafados e escondidos por toneladas de betão que teimam em erguer-se à sua volta.
O caso do Farol da Guia, que passou a iluminar os rabos gordos de alguns em vez de iluminar as águas à volta da península de Macau, é particularmente paradigmático deste fenómeno.
A UNESCO, sempre atenta ao tratamento que é dispensado ao património que classifica, mostrou o cartão amarelo às autoridades da RAEM.
Terá sido suficiente?
Se, na resposta a esta pergunta, se pensar apenas em Macau, creio que não.
Se Pequim for envolvida na equação, aí sim a minha resposta já será bem diferente.
Depois do puxão de orelhas da UNESCO, espero bem que haja um outro, discreto, com origem em Pequim.
Porque esse será certamente bem mais eficaz.

Comentários

  1. Eu se mandasse em Macau estar-me-ia perfeitamente nas tintas para essa organizaçãozeca da hipócrita e maçónica ONU.

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  2. E o património classificado ia todo para o lixo, FireHead?
    Também é dos que acha que o que interessa são os casinos, as suas receitas e o "desenvolvimento" acelerado?
    Não me lixe!!

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  3. Bravo Pedro, um escrito cheio de actualidade, na mouche.

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  4. Um abraço ao Anónimo.
    Espero que este e outros escritos tenham algum efeito.
    Porque eu gosto muito desta terra e do que ela tem de mais bonito.
    Que não são aquelas porras cheias de luzes.

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  5. Não, é claro que não mandaria o património para o lixo. Mas seguramente que também não faria as coisas para agradar quem conspira e trabalha para a Nova Ordem Mundial. Há imensa coisa bonita que não tem nem precisa de ter a chancela da UNESCO. Quanto aos casinos e as suas receitas, é à pala de tudo isso que Macau consegue manter o nível que tem... para o bem de todos os que vivem aí!

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  6. FireHead,
    Não pense que eu sou hipócrita e que tenho uma visão pecaminosa dos casinos.
    Obviamente que não.
    Indirectamente, são eles que me pagam o meu salário.
    Mas os casinos, e o lobby do betão, não podem ser semelhantes ao eucalipto e secar tudo em volta.
    É isso que contesto.
    O desrespeito total pelo que está em volta.
    Nomeadamente o belo património de Macau.
    Um abraço

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  7. Eu sou macaense, tenho sangue chinês nas veias, e gosto sempre muito de dizer que o meu Macau já deixou de existir a partir do momento em que foi entregue à China (e Macau supostamente devia ser nosso para sempre segundo ficou tratado com a aliança luso-chinesa, pois foi cedido a título perpétuo). Eu sou filho da utopia portuguesa do V Império da «Cidade do nome de Deus de Macau, não há outra mais leal». A RAEM nada me diz enquanto terra governativa, somente a sua essência que nunca morre e perdura nas memórias dos que amam essa bela terra que é Macau.

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  8. FireHead,
    Da Macau que você fala ainda restam muitas coisas.
    E vão ressuscitando cada vez mais.
    Sabe porquê?
    Porque, de Pequim, vieram recados muito concretos para uma cambada de parvos que aqui há perceberem que Macau nunca poderia ser só mais uma cidade chinesa.
    Foi Pequim quem pôs estes cretinos na ordem.
    E é por isso que digo que espero que seja também Pequim a impedir que destruam o lindo património aquitectónico que aqui existe.
    Tudo o que aqui escrevo, os gritos de revolta, resulta exactamente desse amor a Macau.
    A terra que me proporcionou a felicidade que nunca tinha conhecido e que eu não quero ver destruída.
    No que depender de mim...

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