Pandas e ursos


Ao ler as edições de hoje dos jornais em língua portuguesa fiquei curioso por verificar que existe uma espantosa semelhança entre as condições de vida do casal de pandas Hoi Hoi e Sam Sam, do urso do Jardim da Flora e dos residentes da RAEM.
Quando são divulgados dados de um estudo que atestam que uma percentagem significativa dos entrevistados numa sondagem recente estão instisfeitos com as suas condições de vida, isto apesar (ou será antes em virtude de??!!) de os cofres da RAEM serem semelhantes aos cofres do Tio Patinhas, e se dá a conhecer que o velhinho urso do Jardim da Flora vai vivendo em condições que não agradam à população, o paralelismo é demasiado evidente para dele não se dar conta.
O urso do Jardim da Flora não deverá nutrir qualquer sentimento de inveja face aos simpáticos pandas Hoi Hoi e Sam Sam.
Não invejará as condições de vida destes, as suas mordomias, a atenção que lhes é dada, o luxo em que vivem.
Será que se sente injustiçado?
Isso já não sabemos.
Sabemos, isso sim, pelos dados que foram agora divulgados, que muitos residentes da RAEM se sentem instisfeitos, injustiçados, com as suas condições de vida.
Não que invejem o vizinho, cada vez mais pecaminosamente rico e a exibir  despudoramente essa riqueza.
Antes porque sentem que, perante tanta riqueza acumulada, devia existir uma melhor repartição da mesma.
Exactamente o que lhes tinha sido prometido e que vai sendo sucessivamente adiado.
Não só adiado, como objecto de acentuação diária das assimetrias visíveis na distribuição de rendimentos.
Em suma, voltando aos nossos amigos felpudos, que há mais e mais ursos.
E muito poucos (quase sempre os mesmos) pandas.
O paralelismo entre o reino animal e o dia a dia dos humanos é, tantas vezes, realmente surpreendente.
 

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