Pronto, eu admito que não percebo nada de Economia


Uma breve introdução para aqueles que não acompanham a política em Macau.
O Executivo de Macau, de quando em vez, dá umas "massas" ao pessoal.
Uma "compensação pecuniária"(sic) para fazer face à inflacção crescente.
Como é que isto é feito?
Ditribuindo cheques pela população.
Este ano já tínhamos sido contemplados com essa "atenção" (4000 patacas, que equivalem, mais ou menos, a 400 euros para cada residente permanente).
Logo no início do ano para o pessoal ficar contente.
Como se já se vinha comentando, vem aí uma segunda leva de cheques.
Anúncio formal feito pelo Chefe do Executivo ontem na Assembleia Legislativa.
Muito convenientemente, nas vésperas do 1º de Maio para acalmar os descontentes.
Desta vez são 3000 patacas.
A serem entregues no segundo semestre.
Lá para Junho para a malta ir de férias mais abonada.
Desde que a medida foi introduzida pelo anterior Chefe do Executivo que confesso não entender a racionalidade económica e social da mesma.
Sempre pensei que, ao distribuir dinheiro cegamente pela população, o governo está a fomentar o aumento da inflacção.
Exactamente o oposto do que diz pretender.
Mais dinheiro, mais consumo, mais inflacção.
Não é isso que nos ensinam?
Se, no plano económico, estamos conversados, o que dizer da vertente social da medida?
Dar 3000 patacas a quem está a passar por genuínas dificuldades face ao aumento descontrolado da inflacção não é seguramente o mesmo que dar 3000 patacas a um bilionário.
Se tudo isto já me fazia muita confusão, mais confuso fiquei depois de ouvir ontem o Chefe do Executivo aconselhar as pessoas a não gastarem o dinheiro que lhes é dado no que "não for necessário" (sic).
Em Macau, felizmente, a esmagadora maioria da população não tem problemas para satisfazer as suas necessidades mais básicas.
Como tal, dar dinheiro às pessoas e aconselhá-las a não o gastarem em bens que não sejam necessários, faz tanto sentido como ouvir o responsável pela pasta de Economia e Finanças dizer que a inflação se vê agravada pelo facto de as pessoas jantarem fora muitas vezes (mais uma vez, para quem não conhece a realidade política de Macau, eu juro que ele disse isto!).
Ordem à mesa.
Não pensem que eu sou franciscano.
Não sou.
Eu gosto de dinheiro.
Mas, se é para não o gastar, que tal o Executivo, em vez de distribuir a "massa", depositá-la em fundos de poupança?
Não tinha o mesmo efeito político, não é?
Isso eu percebo.
De Economia é que parece que não percebo nada.  
 

Comentários

  1. Prezado confrade Pedro Coimbra!
    O que me deixa estupefato nas suas argutas e ponderadas considerações, nesta decisão dúbia dos detentores do poder local, é que pelos parcos conhecimentos que tenho da pujante Macau fica patente a invejável qualidade de vida dos seus felizardos moradores, que não padecem da nefasta má distribuição de renda. O argumento utilizado, de que tem como escopo conter a inflação, me deixa mais intrigado ainda!!!
    Ché, se não tivesse vínculos tão sólidos aqui nos domínios da minha ascendente, a valorosa nativa Bartira e seu destemido pai, o Cacique Tibiriçá, certamente tentaria conseguir visto de permanência definitiva na protetora e próspera Macau!!!
    Caloroso abraço! Saudações admiradas!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP
    Brasil

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  2. Prof João Paulo Oliveira,
    Há focos de pobreza em Macau.
    Como há em todo o Mundo.
    E há, cada vez mais, um fosso muito grande entre ricos e pobres (pobreza extrema não se vê).
    Estas medidas só têm um objectivo - evitar que haja protestos no 1º de Maio.
    Algo de semelhante deverá acontecer perto do 1º de Outubro (Dia Nacional da China).
    Porque a medida, para além de socialmente cega e injusta, é uma medida inflaccionista.
    Justamente o que se diz que se quer combater.
    Caloroso abraço

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  3. Não me devia ter vindo embora, não...
    Páscoa Feliz para si e sua família, Pedro.
    Abraço

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  4. Carlos,
    De vez em quando, lá vem a "prenda".
    Sobretudo em períodos mais "sensíveis".
    Feliz Páscoa.
    Um abraço

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  5. Pedro
    Finalmente percebi aquele ditado popular que diz: "Pataca a ti, pataca a mim.
    Boa Pascoa
    Abraço

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  6. Rodrigo,
    É qualquer coisa do género.
    Aproxima-se o 1º de Maio e, para minimizar os protestos nas ruas, dá-se dinheiro ao pessoal.
    Que dinheiro não falta.
    Já imaginação e capacidade.....
    Se calhar é a isto que se chama "realpolitik".
    Um abraço e Feliz Páscoa para si e família

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