Grandes portugueses (vivos)

Começo hoje aqui uma nova rubrica.
A ideia é apresentar cidadãos portugueses, vivos, cujo talento seja internacionalmente reconhecido.
E os critérios são exactamente só esses dois:

  1. Estarem vivos;

  2. Serem reconhecidos internacionalmente na respectiva área de intervenção.
Como tal, vão aqui ser apresentados políticos, médicos, desportistas, cineastas, actores, músicos, artistas plásticos, escritores,....o que os leitores do blogue também quiserem.
É que esta rubrica é também um desafio.
Peço a colaboração dos leitores para darem sugestões de nomes de pessoas a destacar, para enviarem textos que aqui serão publicados, ainda que se trate de pessoas com as quais não simpatizem.
Com a pessoa, ou com a respectiva obra.
Repito, e sublinho, os critérios são apenas os dois supracitados.
Por exemplo, o primeiro nome que aqui vou deixar, para "abrir as hostilidades", é o de alguém cuja obra não aprecio minimamente.
Mas que é alguém que está bem vivo e que é mundialmente famoso.
A ideia surgiu na sequência dos programas de televisão Grandes Portugueses e Acontecimentos Históricos, os quais podem passar a ideia, falsa, de que os grandes portugueses são todos figuras já desaparecidas.
Não é assim, julgo eu.
Como tal, fica aqui o desafio aos leitores do blogue para apresentarem as suas sugestões ou textos para aqui serem publicados subordinados ao tema Grandes portugueses (vivos). 


A primeira personalidade a ser apresentada é um cineasta.
Fácil de adivinhar - Manoel de Oliveira.
Como referi, alguém cuja obra não me agrada nada.
Apenas gosto do velhinho Aniki Bóbó.
Manoel Cândido Pinto de Oliveira, o cineasta mais velho ainda em actividade, nasceu no seio de uma família da burguesia industrial portuense, em Cedofeita, no dia 11 de Dezembro de 1908.
O desafogo financeiro e a visão cosmopolita da sua família permitiram-lhe estudar em Espanha, na região da Galiza, perseguindo o seu sonho de seguir uma carreira profissional como actor.
Aos 20 anos matricula-se na escola de actores do realizador italiano Rino Lupo, mas a sua escolha de carreira muda radicalmente quando vê o documentário  Berlin: Symphony of a City de Walther Ruttmann.
Inspirado no mesmo, realiza em 1931 o seu primero documentário - Douro, Faina Fluvial.
A carreira de realizador começava aqui.
A de actor, ficava-se por um papel menor no filme de José Cottinelli Telmo, A Canção de Lisboa (1933).
Só realizaria o seu primeiro filme, o tal que aprecio, Aniki Bóbó, em 1942.
Pelo meio, uma série de documentários, sem grande projecção ou brilho.
O filme foi um fracasso, perante a crítica e a bilheteira, e só viria a ser reconhecido muitos anos mais tarde.
A aposta de Manoel de Oliveira em pegar em meninos da rua, precisamente para contar a história dos meninos da rua do Porto, revelou-se demasiado arriscada.
Foi então forçado pela famíla a "descer à Terra" e a dedicar-se aos negócios vinhateiros familiares para sobreviver.
Só viria a filmar novamente em 1956, outra vez com um documentário, O Pintor e a Cidade.
Mais dois documentários precedem os seus primeiros grandes sucessos - os filmes O Acto da Primavera e A Caça, ambos em 1963.
Mais um hiato, e só em 1971 voltará aos filmes (há dois documentários de permeio) para filmar O Passado e o Presente.
Desde 1990, Manoel de Oliveira filma, pelo menos, uma vez por ano.
Por puro prazer, como já inúmeras vezes afirmou.
Doutor honoris causa pela Universidade do Algarve, Manoel de Oliveira recebeu a Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, uma honraria atribuída a cidadãos que hajam prestado relevantes serviços ao País, tendo os seus filmes sido distinguidos nos festivais de Veneza, Cannes, Montreal, para álém de ter recebido dois Leões de Ouro em Berlim (1985 e 2004) e a Palma de Ouro em Cannes em reconhecimento ao seu trabalho cinematográfico (2008 e entregue por um dos seus actores favoritos Michel Picolli).
Em todos estes anos de carreira Manoel de Oliveira trabalhou com grandes actores, dos quais se podem destacar alguns, verdadeiros fêtiche do realizador - Catherine Deneuve, Michel Picolli, Marcello Mastroiani, John Malkovich, Leonor Silveira, Luís Miguel Cintra.
Manoel de Oliveira, acerca do qual Dustin Hoffman afirmou que é a pessoa viva que mais admira (http://blocodenotas.eu/index.php/2009/01/29/manoel-de-oliveira-a-pessoa-viva-que-dustin-hoffman-mais-admira/) continua a filmar e a sentir prazer nessa actividade.

Uma resenha da sua obra aqui:


Douro, Faina Fluvial (documentário, 1931)

Estátuas de Lisboa (documentário, 1932)

Os Últimos Temporais: Cheias do Tejo (documentário, 1937)

Miramar, Praia das Rosas (documentário, 1938)

Já se fabricam automóveis em Portugal (documentário, 1938)

Famalicão (documentário, 1941)

Aniki-Bóbó (1942)

O Pintor e a Cidade (documentário, 1956)

O Coração (documentário, 1958)

O Pão (documentário, 1959)

Acto de Primavera (1963)

A Caça (1963)

Villa Verdinho: Uma Aldeia Transmontana (documentário, 1964)

As Pinturas do Meu Irmão Júlio (documentário, 1965)

O Passado e o Presente (1971)

Benilde ou a Virgem Mãe (1974)

Amor de Perdição (1978)

Francisca (1981)

Visita ou Memórias e Confissões (1982)

Lisboa Cultural (documentary, 1983)

Nice... À Propos de Jean Vigo (documentário, 1983)

Le Soulier de Satin (1985)

Mon Cas (1987)

A Propósito da Bandeira Nacional (1987)

Os Canibais (1988)

Non, ou A Vã Glória de Mandar (1990)

A Divina Comédia (1991)

O Dia do Desespero (1992)

Vale Abraão (1993)

A Caixa (1994)

O Convento (1995)

Party (1996)

Viagem ao Princípio do Mundo (1997)

Inquietude (1998)

La Lettre (1999)

Palavra e Utopia (2000)

Je Rentre à la Maison (2001)

Porto da Minha Infância (2001)

O Princípio da Incerteza (2002)

Momento (2002)

Um Filme Falado (2003)

O Quinto Império: Ontem Como Hoje (2004)

Espelho Mágico (2005)

Do Visível ao Invisível (2005)

Belle Toujours (2006)

O Improvável não é Impossível (2006)

Cristóvão Colombo - O Enigma (2007)

O Vitral e a Santa Morta (2008)

Romance de Vila do Conde (2008)

Singularidades de uma Rapariga Loira (Eccentricities of a Blonde-haired Girl, 2009)

O Estranho Caso de Angélica (2009)

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