O carimbo da AL em Macau e o carimbo da PGR em Portugal

Quem vive em Macau, já ouviu inúmeras vezes dizer que os deputados, na Assembleia Legislativa, se limitam a apôr o carimbo de aprovação nas propostas que o Governos lhes envia.
Não é bem assim porque, justiça seja feita, até chegar a carimbadela, ainda há umas negociações (que também já tinham existido antes da proposta chegar à AL), umas comissões especializadas, umas alterações fulcrais (não se dever definir penico que é feio. Bacio é mais bonito e mais fácil de traduzir).
Segue-se depois a discussão em plenário, onde já sabemos à partida quem vai intervir.
Há os que intervêm para falar de tudo, nem que seja da humidade; há os que intervêm por dever de solidariedade sectorial; e há os que gostam de permanecer caladinhos, quase incógnitos.
Sem grandes surpresas, chega o dia da carimbadela.
Com unanimidade (unanimismo?), na maioria das vezes; com uma outra abstenção para apimentar o prato, poucas vezes; com votos contra, muito raramente.
É uma cultura, uma mentalidade e uma práxis há muito instaladas.
"The Asian Way".
Bem diferente a situação na PGR em Portugal.
Se é necessário percorrer todo aquele cerimonial para chegar ao carimbo "Autorize-se" em Macau, na PGR em Portugal o carimbo "Arquive-se"está ali sempre à mão.
Sem grandes dúvidas, sem grandes considerandos, mas com grande alarde e mediática divulgação, na PGR arquiva-se muito.
A PGR, sobretudo nos últimos tempos, passou a ser uma espécie de Curso Geral de Arquivos!
O carimbo, nestes casos, é um bom instrumento para se detectar a grande diferença de mentalidades entre o Ocidente e o Oriente.
A um Oriente que invariavelmente autoriza, com alguma solenidade e grande poder de negociação, opõe-se um Ocidente que invariavelmente arquiva, sem mais nem o quê.
Uma boa área para promover o tão famoso "encontro de culturas", não será?




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